Acabo de ver, no programa da Ana Maria Braga, uma entrevista com Pedro Bial. A despeito de tudo o que ele falou e que eu gostei de ouvir, de um jornalista de renome, com mais de 30 anos de estrada, cuja trajetória envolve, desde coberturas históricas, como a queda do muro de Berlin, abertura política/econômica na Rússia, etc., à apresentação do polêmico BBB, nada disso importa, ao mesmo tempo em que tem tudo a ver com o que desejo focar nestas palavras que escrevo.
Meu desejo de falar sobre a mulher-mãe, veio do prazer que senti ao ver no programa, o depoimento da mãe de Bial. A cada palavra que aquela mulher, nascida em 1924, ou seja, aos plenos 88 anos de idade, eu me emocionava tanto quanto me fortalecia enquanto mulher-mãe-avó. Falo do legado que é possível deixar à descendência e como ele conta naquilo em que ela vem a se transformar.
Entendi que Pedro Bial se tornou um ótimo jornalista, escritor e passa um jeito de ser despojado, tanto quanto intelectual, marcado pela figura materna. Que não seria por acaso, sempre soube – nada se dá por acaso, mas que vinha do usufruto de uma vida familiar, marcada sobremaneira por um estilo de ser de sua mãe, isto ignorava. E que mãe!
Vi naquela mulher, muito do que sou como mãe, do que desejo ser como pessoa e do exercício que ora faço enquanto avó. O incrível de tudo isto é que “o tempo dela”, como diria algumas pessoas, nem propiciaram de maneira tranqüila o seu jeito de encarar a vida, valorizando a liberdade e por isso mesmo deixando livre os que ama, como dá pra sentir em suas palavras: “Nunca quis que meus filhos fossem algo a mais do que eles desejassem ser”. Vê-se aí um respeito ao outro que nem sempre é praticado. E mais, um ponto crucial para que ele, o outro, ouse sonhar “seus sonhos mais loucos” ou se sinta bem com sonhos percebidos como triviais. Não importa. O que importa é o reconhecimento do sonho e o respeito a ele, deixando quem se ama ou de quem se cuida, e no caso desta mãe, o filho, a liberdade de ser o que quiser e como quiser.
Viva a liberdade! Um viva as mães que sabem deixar essa herança bendita aos seus filhos pra que eles possam continuar levando a idéia a diante! Não é fácil, bem sei, mas ratifiquei que a liberdade tem de vir de dentro pra fora, como no caso da mãe de Pedro Bial, ou não é verdadeira. A liberdade é uma conquista advinda de um aprendizado que deve ser exercitado dia a dia, como no caso desta mulher, cujo passado de perseguição, de perdas, forjou em si um espírito de luta invejável. Quando, aos 14 anos de idade veio com a família fugida da Alemanha, ela certamente aprendeu que é legítimo fugir daquilo que é nefasto e abraçar tudo de bom que a vida pode oferecer, fazendo da liberdade ponto de partida e de chegada.
Viva a possibilidade de sermos quem desejarmos ser!
Um viva bem especial aos pais, neste mês em que comemora-se o seu dia! E que eles possam ser como esta mulher, a quem dediquei minhas palavras - multifacetados - permitindo-se transitar entre aquilo que a sociedade chama de “masculino” e “feminino”, sabendo aproveitar o que há de melhor nestas características que foram culturalmente direcionadas aos dois gêneros de forma dicotômica, mas que sabe-se que podem ser de quaisquer pessoas, desde que se permitam.
Lola (02/08/12)
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