"Ando devagar porque já tive pressa..."

"Ando devagar porque já tive pressa..."
"Ando devagar porque já tive pressa..."

26/08/2023

Saudade

 Aos 25 anos, M. Eunice se uniu a dois colegas de turma, um dos quais, nosso primo Gôdo, e partiu no Chevette dele, rumo a S. Paulo para fazer o sexto ano e concluir o curso de medicina. Voltou, colou grau, participou do baile e retornou a S. Paulo para fazer residência, no hospital da Beneficência Portuguesa, onde fez o sexto ano.

 Não me esqueço daqueles tempos... Sua ida pra São Paulo nos trouxe uma atmosfera de luto. Sempre fui muito profunda no sentir, e senti muito a ausência... E a saudade me corroeu por dentro... Eu tinha apenas 13 anos... Mas o sentimento era tamanho GG.

 Nestes dias em que sentimos sua passagem para um outro nível de existência, não tem como não lembrar da tristeza daqueles...

 Desde março deste ano, acompanhei passo a passo, mão na mão, todo o processo de consultas, exames, cirurgia, internações, cuidados domiciliares... Tempo pra temperar todo um sentimento e relacionamento entre nós ... Chegamos a apurá-los.

 Hoje, apesar de lembrar do clima de separação do final dos anos 70, reconheço que nos proporcionava a esperança da volta... Dos retornos para nos visitar... E como nos visitava! Chegava a vir até 04, vezes num ano, para amenizar a saudade, num tempo em que não existia as facilidades da internet.

 Escrevi tantas cartinhas pra ela...

 Neste momento, daria tudo pra por nos correios uma delas e aguardar ansiosamente a resposta.

 Na impossibilidade de escrever cartas, me pego escrevendo estas linhas... Fecho os olhos e abro os demais sentidos... Sin meto a comunicação fluindo... E daqui emano meus sentimentos de que esteja bem e refeita das dores deste mundo.

 Abraço, beijo, afago os cabelos brancos da minha irmã que agora mora em mim e atende pelo nome de saudade.

 Lola 

 

13 de junho

 Há 12 anos, num dia de Santo Antônio, santo de sua devoção, mamãe partiu desse mundo.

Com ela se foi a alegria de ter uma mãe por perto, de ter suas orações, seu abraço e cheirinho gostoso... Mas ficou tanto por aqui... A certeza que ela continua em espírito e amor, a vontade de celebrar sua existência, o orgulho de ter vindo de seu ventre, compartilhado tantos anos e de ter aprendido muito com ela. Inclusive a sorrir... Herdei o sorriso fácil de mamãe, o que faz de mim uma pessoa leve e doce... Assim eu me vejo...

Mas ficou também uma saudade inexplicável, que as vezes dilacera o peito, outras vezes faz o amor aumentar.

E assim vou tocando a vida, sabendo de onde vim, quem sou e que fui privilegiada com a mais doce das mães. Uma flor de formosura. E sua memória ratifica o amor de Deus por mim. Isso é muito! Por isso sou grata. 

Lola

Papo cabeça


Nossas cabeças se juntaram tantas vezes,

Como um toque de afeto, de carinho.

Mesmo que os momentos não fossem dos melhores,

Sempre dávamos um jeitinho.

Bastava que num gesto puro e simples

Inclinássemos o rosto um pouquinho,

E um leve sorriso esbssássemos, pra sentir a vida fluir mais de mansinho.

Infelizmente, como nem tudo são flores,

Chegam momentos de sofrimento e de partida.

E por mais que a resiliência nos habite,

Ficamos tristes,  pois a dor as vezes insiste.

E sem convite vem e ocupa espaço - aquele que seria de um abraço,

De cabecinhas que se tocam e demonstram

Que vale a pena se entregar ao amor, sentimento tão profundo,

Que justifica nossa presença nesse mundo.


Lola, em 06 e 07/23


Rede de apoio

 Há uma rede de apoio invisível que muitas vezes nem nos damos conta, mas existe.

Há uma mão firme, porém suave, que nos sustenta ao primeiro sinal de tropeço.

Há, sim, há, a ilusão de que nada existe a não ser auto suficiência. 

Há um amor que paira no ar à disposição, mesmo se nem percebemos sua necessidade.

Há caridade, empatia, assistência...

É preciso educar os sentidos à sensibilidade...

Muito do que buscamos em Deus existe no nosso entorno, mas por dificultarmos a percepção, tiramos o pé do chão e direcionamos olhares apenas ao céu, em busca de socorro, esquecendo que Deus nos fez à sua imagem e semelhança.

Precisamos sentir como criança, que pede colo, pede abrigo, abre os braços à acolhida. Não se intimida, por ter noção de que é dependente, carente.

Carentes somos todos nós - de cuidados, de afagos, de mimos.

E potentes, também somos. Temos o poder de mudar as situações. A nossa, a de todo mundo.

Deus nos fortaleça para que possamos fortalecer a quem necessita.

E que Ele nos oriente o caminho... E 

de nós sempre esteja juntinho...

Deus é mais! Deus é pai!

30/31/07/23



27/07/2023

Céu de papel de sêda

 Sábado à tarde... Minha saudade me leva à rua João Suassuna, caminho do hospital da FAP. Lá, bem pertinho do hospital, crianças e adultos brincam de liberdade... Sob o céu de final de semana, muitas pipas colorem a tarde, embelezam o dia e divertem a todos que participam daquilo que eu, ao ver pela primeira vez, cheguei a perder o fôlego.

No imaginário da criança que ainda habita em mim, as pipas, ou corujas, como dizíamos, são símbolo de beleza , leveza e liberdade que devem compor a infância.

Ao me dirigir à FAP, depois de ter ido em casa me refazer da noite passada acompanhando minha irmã, voltando para cumprir minha intenção de ser colo pra ela, apoio moral, material e, principalmente espiritual, encher os olhos com a cena belíssima de pipas colorindo o céu, crianças correndo com as suas nas mãos, outras já cansadinhas, sentadas ao meio fio ou na porta de casa, adultos levando, orgulhosamente as suas, certamente por eles confeccionadas... Uma verdadeira festa das corujas - eu me enchia  da alegria do que via e repassava a Maria Eunice, na tentativa de que o belo lhe revestisse de esperança.

Hoje é um sábado diferente pra mim. Faz uma semana que a sepultamos e a dor da saudade lateja em meu ser inteiro. Não posso, mesmo assim, sepultar a esperança de que esteja bem, plena, em paz. Me alimento dessa idéia para emanar boas vibrações até ela... E o faço  fechando os olhos e pensando em cada pipa que vi subir aos céus... Peço que se encham de boas vibrações, energias de cura, libertação, sobretudo amor... E vôem  alto,  o mais alto que puderem, até chegarem à minha Maria número 03... E lhe contarem do amor que se sabe, aqui na terra, que ela semeou... E num sussurro  amoroso lhe contem da saudade... Mas lhe digam também da esperança que renova nossas vidas, só de saber o quanto a dela, por aqui, foi frutífera... Digam do orgulho, do prazer em conviver com alguém como ela... Que deixa bem mais que saudade - a certeza de que a vida é bela e vale ser vivida dentro da lógica do amor... Pois "só o amor conhece o que é verdade. O amor é bom" e o temos por perto... Abramos o coração, os olhos a mente... Ele está, inclusive e principalmente,  dentro de nós.

Vamos colorir a vida com papel de seda, com nuvens de algodão, com corações vermelhos ... Vamos ser tudo de bom que desejamos que sejam para nós... 

Dizem que "ninguém sabe o dia de amanhã"... Na verdade, ninguém sabe o dia de hoje... Das 00:00 as 24:00, tudo pode mudar... E esse é um tempo bom pra que iniciemos a nossa própria mudança.

De papel de seda colorido, refaço minha tarde de sábado... E minh'alma voa... Deixo fluir, seguir o fluxo... Me entrego ao sabor das nuvens...Respiro fundo e agradeço...

 Lola, em 15/07/23


10/08/2022

Da beleza da vida

 Lá se vão, a caminhar, o menino e o homem - seu pai.

Na paisagem semi-árida, só vislumbram o verde e o frescor que se avizinham.

Nada os remete à seca, ao calor ou a dissabores,

Entendem o porvir como realidade.

Essa verdade é fotografada, e nada que lhes falem ao contrário dela, os desanima.

É lá de cima que lhes vem o socorro e a certeza de que tudo nesta vida

Está ligado à grandeza que a tudo excede. E que, quanto mais a ela se entregam, maior é a beleza da vida que levam.


Lola (09/07/19)

Impublicável

Do que eu sinto, muito não publico.

Impublicável, não minto.

Mas não me arrependo nem um pouco,

Visto que de louco, todos nós temos um pouco.

Então insisto e ainda digo:

É bom demais sentir assim, e é tão bonito!

Que até os que loucos não são,

Dariam tudo pra viver também

enlouquecidos de paixão.

Sem controle do próprio coração,

Que não publica, enquanto grita, internamente.

E eternamente continuam sim,

Com impublicáveis desejos e sentimentos.

E sem lamentos por viverem assim.


Lola, em 11/08/20


Vendo o mundo pela janela

E o menininho que gosta de olhar o mundo, completa dois aninhos.

Mas como, só isso, quando o sentimento é de que nunca vivemos sem ele?!

Ano difícil para todos, certamente, 

Mas levar a vida levemente trás a certeza da esperança,

Ela que nunca morre... Às vezes dorme, mas despertada por olhares atentos como o de Iquinho,  nos alenta.

Ver a vida passar na janela, enseja ir com ela e desbravar caminhos.

É isto que o menininho, ao contemplar o mundo nos inspira.

E, enchendo o pulmão de ar, por vezes raro nestes dias, 

Expiramos para aliviar o que filtramos.

Então, assim, como Íco, vislumbramos dias mais bonitos. 


Tia Lola, em 23/12/20.

Amor de mãe

Mamãe não só me deu à luz como forjou em mim um modo de ser e estar no mundo. Ela é minha conexão com a ancestralidade feminina. Ela é minha base de sustentação neste mundo e me remete à infinitude da vida. 

Mamãe clareia meus dias, suaviza minhas experiências e transborda em mim, principalmente quando minhas práticas me permitem sentir orgulho da mãe que sou.

Mamãe me empodera com amor,  leveza e luminosidade. É meu amor eterno e por ela sou grata. Não posso falar sobre ela no passado, pois continua viva em mim. 

Obrigada, meu Deus, pela minha mãe. Que chegue até ela todo o meu amor. Assim seja. 

Lola, 11 de maio de 2021 (comemorando o dia das mães)


Sem palavras

 "Há canções e há momentos, que eu não sei como explicar

Em que a voz é um instrumento que eu não posso controlar..."

Imortalizada na vozes de Milton Nascimento e M. Betânia, essa música de Aldir Blanc e Milton diz muito do que penso sobre minha relação com a "voz" escrita, sobre alguns acontecimentos.

Sábado comemoramos o aniversário de Sofia, são 6 anos repletos de fofurices. Não a toa, a chamo de Fofi, uma mistura carinhosa de fofura com seu nome afrancesado - Sofie...

Para não fugir da regra, ela esbanjou simpatia e graciosidade, mas foi na hora de fotografar com as tias que algo mais se revelou.

A aniversariante se mostrou muito feliz a festa inteira. Não foi fácil passar o aniversário do ano passado sem festa aos moldes tradicionais, e sua alegria contagiante denunciava, o tempo todo, o quanto estava satisfeita em poder, desta feita, comemorar como ela gosta. Porém, foi no momento de fotografar com as tias-avós que ela demonstrou ainda mais a sua alegria, satisfação e jeitinho fofo de ser... Ao convidar a tia Lulu para o lado esquerdo, de forma que ela pudesse, num grande abraço, tocar em cada uma. 

Eu me coloco sempre como emotiva e como alguém que não nega os sentimentos. Choro tão facilmente quanto sorrio, pois é a emoção que amalgama meu ser.

Não tive outra reação, senão vibrar, junto com a pequena aniversariante, o momento, ao que pareceu, tão esperado - o de registrar o abraço contido por 1 ano e meio.

Para Sofia, neste período de aniversário, bem como para sempre, desejo que continue a saborear os doces sabores da vida, contidos nos encontros com pessoas queridas.

Parabéns, Fofi linda de tia Lola! Amo muito você e aguardarei o dia em que aprenda a ler e possa ler esse registro carinhoso que lhe ofereço.

🤗😘🤗😘🤗😘🤗😘🤗😘🤗😘


Gira

 Gira, gira, rodopia...

Mexe pra lá e pra cá...

Faz da dança uma alegria

E do viver um dançar.


Do dançar, experiência,

Que só vive quem desperta

E tem muita inteligência

Pra saber o que importa.


Leve, pluma, alegremente,

Saltitante criancinha,

Aproveita e ensina a gente

A viver de alegria.


Parabéns pelo aniversário!

Feliz seja o seu dia.

Comemore de bom grado,

Dance, cante e sorria.


Viva Heitor, hoje sempre!

Nosso pequeno grande amor.

Viva o netinho da gente!

Xodó de vovó e vovô.


Lola (17/09/21 - Para Heitor que faz 4 anos.)

10 anos

 A primeira década se completa -  Alice faz 10 e, como menina que coleciona descobertas, aparece como fã de Harry Potter. O nome Harry já tinha significado marcante em sua história, por ser o apelido de Felipe, amigo muito querido de Priscylla, escolhido, logo que ela nasceu, para ser seu padrinho. Precocemente, Harry se foi, deixando a felicidade dos belos encontros nesta vida. E dele, Alice conhece a narrativa das memórias de Pri. 

Alice faz 10 e com ela comemoro também 10 anos de avó - eita coisa boa! Nem preciso prolongar os comentários a respeito, visto que não esgotariam o prazer que sinto, ele é inenarrável.

Alice faz 10 de braços abertos para a adolescência, que já está bem alí... Se joga nas experiências sorridente e caminha... Caminhamos, todos nós que lhe amamos, junto com ela, mas respeitando seus espaços, curtindo as etapas e torcendo para que continue sua jornada de forma alegre e mágica.

Alice faz 10 e, além dos 7 livros de Harry Potter, lhe desejo uma biblioteca inteira de sonhos.

Ontem comemoramos seus 10 anos e entramos no clima da saga  pottiana. Foi lindo! Mas bem mais linda é Alice no explendor dos seus 10 anos.

Muitas décadas lhe desejo, Pequena, Lila, Lice, Lilice, Alice - amor de vó Loló. 

Se eu tivesse uma varinha mágica, num "plim" lhe colocaria no topo da felicidade. Mas esta caminhada é sua e apenas me coloco à disposição, na medida do possível, para torná-la cada vez mais mágica e maravilhosa como você.

Com amor ♥️

Vó Loló.


Em 30 de setembro de 2021

Sobre o dia dos professores

Sou muito ligada à intuição, à espiritualidade, e tenho uma relação com a oração que considero profunda. É ela, a oração, que me propicia a conexão que desejo, com Deus e com meu eu mais profundo. Isso me concede uma leveza que me mantém de pé, mesmo em momentos de turbulência ou de, no mínimo, ansiedade.

Considerando a ansiedade como um dos aspectos relevantes na minha maneira de ser, posso dizer que tenho tentado lidar com ela, justamente despertando para os estragos que pode causar e a percepção de que, as características que citei lá no início, podem ser ferramentas importantes para minimizá-la.

Hoje, dia dos professores, não por acaso, lembrei de uma passagem do pequeno livro Minutos de Sabedoria, de Pastorino. É que ontem, ao assistir o Papo das 9, com André Trigueiro, o vi citar o livro e também falar alguma coisa sobre o ofício do professor.

Num piscar de olhos, voltei no tempo e me deparei com o meu primeiro momento como professora, de fato e de direito. Antes, já tinha experimentado, nos estágios, na graduação em Licenciatura em Sociologia e no mestrado, situações em sala de aula, porém, como professora contratada, ainda não tinha atuado.

Cheguei bem antes do horário da aula e aguardei, sem nem um pouco de tranquilidade, a chegada dos alunos. Estes foram chegando, um a um, por vezes em grupos, e enchendo a sala, me deixando numa aflição sem tamanho. Eu pensava: Meu Pai, eles estão aqui pra assistir à minha aula! O que faço? Me ajuda! Pedi a Deus iluminação e busquei na bolsa, o pequenino livro, abrindo-o, sem que ninguém percebesse. 

Não posso dizer que fiquei chocada, mas o impacto que a mensagem me causou, merece até hoje, reflexão, no sentido de que nada acontece por acaso. Também não diria que parece que foi escrita para mim, porque não tenho dúvidas que, senão escrita, naquele momento, foi dirigida sim a mim. E eu a acolhi como costumo fazer com todos os sinais que percebo, vindos do alto. E isso não é raro em minha vida.

Neste momento em que o magistério, quando não invizibilizado, é denegrido, secundarizado, gostaria que cada profissional da educação sentisse o poder daquelas palavras e se percebesse como mola propulsora de transformação indelével. A partir delas, entendesse o seu valor. 

Foram aquelas palavras, com o poder que emana da palavra e que eu muito valorizo, que me fizeram, ao fechar o livro, encarar uma turma enorme, de mais de 60 alunos, me apresentar e iniciar minha história de professora sem receio, sabendo que daria conta, reconhecendo toda a minha tragetória que me preparou para chegar até ali. E não deu outra, a aula foi maravilhosa, transcendeu ao planejamento, refletiu o preparo intelectual e ratificou meu talento para lidar com os alunos, iniciando assim, uma nova fase em minha vida, repleta de emoções, nuances, situações que foram me transformando, conforme transformavam, também, as vidas dos meus alunos.

Hoje parabenizo todos os professores pelo seu dia, esperando que as experiências coletivas imprimam em suas práticas a riqueza de detalhes positivos que geralmente as experiências individuais lhes trazem.

Viva o 15 de outubro, dia dos professores! 


Lola, em 15 de outubro de 2021.


De flor, sorriso e estrela

 No céu, onde moram as estrelas,

Teu sorriso resplandece

E a gente até esquece que partiste um dia.

Vivemos da alegria de te saber sorrindo,

Posto que o sorriso não existe sem ti.

Foram muitos anos de amor e abraços,

Tanto que o laço nunca se desfez.

E hoje, mesmo tão distante, sempre, como antes, o amor impera.

E haja primavera para acomodar 

Nosso jardim singelo, cuja flor mais bela vai sempre  existir

"Além de aqui, dentro de mim".


Lola, em 30 de novembro de 2021 - celebrando o aniversário natalício de mamãe, que faria 95 anos.

Da liberdade

Às vezes dizemos ter borboletas no estômago... Que nada... Somos as próprias borboletas, no sentido mais poético que existe...

Somos mutantes, coloridas, geralmente alegres e nos pretendemos livres para voar... Seja em bando, seja solo... Voar... Voar... Alcançar o infinito... 

Mulheres de fases... Ovos, pupas, crisálidas, borboletas... Mulheres... Livres para voar...

"Poeta, meu poeta camarada"

 Poeta, meu poeta camarada



Sentirei sempre saudade das conversas, do aconchego, desse pai lindo que Deus me deu. Ainda bem que "pra sempre sempre acaba", e dentro desta perspectiva, o reencontro me proporcionará o que sinto falta.

Hoje, neste 1° de maio, dia do trabalhador e seu dia, peço a São José Operário que lhe acompanhe nessa jornada de luz que o senhor trilha, papai querido.

Muitos beijos e abraços quero lhe dar. Muita vibração lhe ofereço, na certeza de que lhe alcança. 

Feliz aniversário! Feliz vida eterna! Meu amor é infinito como o senhor e sei que o sente de onde estiver. 🤗♥️😘

Lola em 1° de maio de 2022 ( sentindo saudade e gratidão 🙏)

Sobre a cereja do bolo

Minha história com Rostand iniciou em 1980, um ano de construção de uma amizade da melhor qualidade, que nos encaminhou ao namoro em 1981 e cá estamos hoje, contabilizando 1 ano de amizade + 3 anos de namoro + 37, quase 38 anos de casamento. São quase 42 anos de relacionamento e 41 destes tendo D. Eliete como sogra. 

Dentro deste espaço de tempo, construimos uma maneira de ser nora e sogra que poucas vezes convergiu para o senso comum.

Ontem ela completou 90 anos de vida e reflito sobre o fato de tê-la na minha por quase metade deste tempo. Tempo que nos conduziu processualmente ao status que ora exibimos: somos a "sogra preferida" e a "nora preferida". "Piada interna" que muito diz sobre o não tão convencional relacionamento que temos. 

O seu nome, em letras bem grandes, foi ao meu ver, um ponto alto da decoração da sua festa - e que festa! Roberto Carlos a chamaria de arromba. Eu a percebi como aquela cerejinha bem vermelhinha, a reluzir sobre o bolo... Tipo - uma ênfase em tudo o que ela, a dona da festa, aprecia na vida.

Falo sobre o nome ostentado abaixo do palco, LETINHA, pra enfantizar que, entre alguns, esse se destaca entre as maneiras como ela é chamada - Leta, LETINHA, Teté, Eliete... Eu a chamo de Dona Eliete, desde sempre... Foi a maneira que escolhi para guardar algo de convencional à nossa relação. No mais, seguimos como sogra/nora preferida uma da outra, visto que somos únicas... Não houve escolha em se tratando disto...Sou a única nora que ela tem e e ela a única sogra que tenho... Claro que isto é um aspecto cômico do nosso envolvimento nesta vida, mas poderia ser apenas uma obviedade... Preferimos trilhar o caminho da leveza e nos favorecemos assim, quanto a isto, tivemos escolha sim...

Que essa tragetória continue firme e forte, como a aniversariante de ontem se mostrou - Não arredou o pé da pista de dança, praticamente não sentou e preferiu aproveitar a festa. 

Que sua vida continue com o sabor delicioso daquele momento.

Parabéns à D. Eliete! Deus a abençoe e a faça feliz sempre.


Lola, em 02 de maio de 2022, (se mostrando como "nora preferida" que é.)

Preparando a festa


Vendo a cidade se vestir

Do colorido das bandeirinhas

De papel e lamparinas,

Vejo as mãos de Deus ungindo

Nossa festa e nos sorrindo.


Dizendo que vale a pena meus esforços e o seus

Tentando mudar o foco no que for preciso.


Que viver é tão bonito

E mais ainda, estar vivo, no sentido mais plural -

Mais humano e real.


E eu fecho os olhos para ver 

Todo o vestir-se da cidade,

Com sua capacidade de nos proporcionar o bem.


Não importa a quem, de fato, 

A nossa vibração atinja,

Desde que seja sentida no íntimo do coração.


E as bandeirinhas coloridas, os balões, as flores lindas,

De seda de papel lizinho,

Passam a ser só complemento, 

Como a chita dos vestidos.


Vamos dançar, forró, baião,

Xote também - nos dar as mãos.

Fazer da vida uma canção que se ouve sem ouvidos, que se vê com o coração.


Vamos fazer amor de dia à noite, sem parar.

Amor não é coisa pra ficar no pensamento, apenas, planejar.


Viver o amor, de fato - amor.

E o Senhor que nos dá tudo, receberá o conteúdo mais precioso que nós temos - O amor, pacato, sereno, seu mais precioso dom.  

Embalados neste som, 

Vamos brincar o São João, que é bom!

01/08/2021

Emoção

Chorei com Daiane  dos Santos,

Sorri com Rebeca Andrade.

A ginástica é rítmica, é artística,

E é multicor, multi étnica.

As olimpíadas, como a vida,

Quanta emoção nos reserva!

Agradeço a Deus por elas,

Atletas brasileirinhas.

Por tanto, tanta alegria,

Mais apoio, patrocínio, 

Mais reconhecimento e respeito.

Que tudo o que neste momento,

Nos emociona e anima,

Se multiplique na vida 

Das grandiosas meninas.

Lola, em 29/07/21.

 


02/05/2021

Grata

Hoje, se papai estivesse entre nós, completaria 107 anos. 

Hoje é dia de São José Operário.

Hoje minha sogra faz 89 anos.

Hoje, sou só gratidão.


Grata


O dia me aparece com sol, pássaros, borboletas no céu.

Na terra, folhas e flores me encantam.

E eu, no meu canto, 

Só penso em ser grata a Deus.


Lola, em 01/05/21


Viva papai, essa luz no meu caminho!

11/04/2021

Olhos de contemplação



 A gente acalenta sonhos. Sejam grandiosos, sejam mais tangíveis, sempre há sonhos, enfileirados, a espera do dia de suas realizações.

Há algum tempo, eu vinha vislumbrando uma tela que contemplasse uma síntese amorosa, para presentear Rostand. Entendendo seu amor pela praia, ou como ele diz - o conjunto da obra - reunião da família à beira mar, petiscos, bebidas, brincadeiras, e claro, os netinhos como centro das atenções, como fazendo parte dos momentos de lazer e compondo sua afeição pelos dias de folga na praia. Quem o conhece de perto, já o escutou falar muitas vezes, a frase " Quem é do mar não enjoa", numa referência ao samba de Martinho da vila.

Com tudo isto em mente e tendo uma amiga querida artista plástica, o meu sonho de transformar todo esse cenário amoroso em uma linda tela. Depois de alguma pesquisa em fotos, e reflexões, optamos, eu e ela, por uma imagem que diz muito de tudo o que vivenciamos quando estamos em João Pessoa. O resultado, mais que exitoso, foi maravilhoso. E hoje podemos dizer que temos uma obra de arte em casa, que faz referência a muito, muito mesmo, do amor que cultuamos em nossas vidas. A tela intitulada, não por acaso, de Quem é do mar não enjoa, materializa instantes já vividos e a serem renovados a cada vez que necessitarmos de refrigério, de renovação de força e alegria de viver, e recorrermos ao mar, essa obra prima de Deus, com sua deslumbrante beleza, para nos refazermos.

É um presente para Rostand, e como tudo o que ele é e tem, é um presente para nossa familia, que, certamente, sempre se encantará ao contemplá-la.

Agradeço à grande artista que é @Leicistaartes, por ter me proporcionado tirar da fila dos sonhos, um dos meus mais queridos.

Agora é curtir a tela, tendo-a também como motivadora de outros desejos... E sonhar... Sonhar sempre...


Lola, em 10/04/21, ainda sob o efeito da tela. 


Como vôo de pássaros



Como vôo de pássaros


Neste dia lindo e cheio de sol, completo dois anos. Comemoro meu aniversário de bariátrica e me sinto feliz. 
Difícil colocar assim, minha felicidade, num tempo rude, sombrio e que em muitos momentos nos rouba a esperança. Mas eu respiro fundo e consigo, em meio a dor coletiva, curtir um sentimento que nutro e gosto de compartilhar, na esperança de despertar no leitor, pelo menos um pouco de alegria e esperança.
E se eu, imbuída da minha ânsia por escrever, já tinha como certo o texto do dia, após o presente recebido do primo Egberto, não poderia deixar de escrevê-lo.
Trata -se de um texto que fala da esperança que reveste os pequenos gestos que, ao tocarem os outros, se tornam gigantes. Assim como o que aconteceu quando Egberto compartilhou comigo o vídeo e o texto, que tentarei resumir aqui. 
O cenário feio da guerra, contrasta com a beleza da intenção de uma criança em presentear com um desenho de um pássaro, seu tio, um soldado britânico, sofrido, por ter perdido uma perna em combate. Sua atitude foi capaz de levar alegria a ele e se tornou uma prática comum naqueles dias de luta, sofrimento e solidão. Muitos e muitos outros soldados receberam os desenhos de pássaros, até que a menina, vítima de um acidente, morre, deixando o legado da alegria dos pássaros desenhados, que se tornaram tão importantes que o dia de sua morte foi institucionalizado como o dia de desenhar um  pássaro - DRAW A BIRD DAY.
Eu há muito venho nutrindo um amor pelos pássaros e admirando, cada vez mais, a simbologia que deles emana. Adoro desenhos e desenhar, principalmente quando o faço com e para os netos, Alice e Heitor. Sendo assim, num dia que me é muito caro, receber um texto e um vídeo sobre essa belíssima história de amor, além de me fazer chorar de tanta emoção, me influenciou a abordá- lo neste escrito comemorativo do meu segundo ano de bariátrica - fato marcante em minha vida e que me fez, como os pássaros da menina, refazer o meu riso, reelaborar minha capacidade e potencial de alegria. Reviver de maneira mais leve, mais suave e tentar vôos mais elaborados. Quem sabe, vôos de pássaros -  alegres, coloridos, belos e ousados, mesmo que muitas vezes, singelos...
Viva o dia 08 de abril - Dia de desenhar um  pássaro! Viva a vida, representada aqui, na minha atitude de recorrer à cirurgia bariátrica para viver com mais qualidade.

Lola, em 08 de abril de 2021 -Dia de desenhar um pássaro - exercitando a alegria de viver e escrever de forma indissociável.
 

23/03/2021

Sobre *Os Balões de 74

 Em 1974, aconteceu uma tragédia em Campina Grande. 

Sabe aqueles balões que são vendidos em festas populares, cheios de gás? Pois bem, em um parque de diversão, no bairro de José Pinheiro, nesta cidade, no dia de Natal do referido ano, um cilindro explodiu, vitimando muitas pessoas, entre elas algumas crianças. 

Esta semana, @yassirchediak, numa enquete no stories do Instagram, peguntou aos seus seguidores se uma música de Demis Roussos, a saber, Goodbye my love, goodbye -  os remete a algo.

Voltei à infância e ouvi a voz diferenciada do grande cantor grego. Voz melancólicamente bela! Relembrei de como eu fui melancólica até o início da juventude e como o relacionamento com Rostand me distanciou da melancolia. E como aquela voz contribuía pra meu estado de humor. Voltei à tarde de Natal de 1974, quando Graça, minha irmã mais velha nos levaria ao Parque. Não recordo o motivo de não termos ido, mas a notícia do acontecimento trágico, relembrei muito bem... E vieram à mente, os desejos da infância, os mimos das minhas irmãs mais velhas, as preocupações e cuidados  constantes de mamãe conosco, incluindo os vestidinhos lindos que costurava pra nos deixar tão lindas quanto eles,  a delícia que era andar no  carrossel... Mas, sobretudo, a tristeza do resto daquele dia e a marca que deixou nos meus tempos de menina... E da coleguinha de classe, nas Lourdinas, chamada Edna, uma das vítimas da tragédia e que esteve ausente das aulas presenciais por muitos mêses do ano letivo de 1975. Consigo visualizar a pele dela, quando retornou ao colégio, cheia de cicatrizes... Imagino quantas serão as que não conseguimos ver...

Busquei, a partir do questionamento de Yassir, o curta produzido por um grupo de cineastas e produtores culturais campinenses. Entre eles, @helton,  @lunaraujov e @moema, meus sobrinhos, com o título * Os Balões de 74.

Numa das primeiras cenas, a imagem do meu abajur, que emprestei pra compor o cenário -  minha mísera contribuição ao magnífico projeto. Me senti envaidecida (risos), e pensei no quanto cada um que compõe a equipe de produtores culturais deve se orgulhar de tão belo trabalho. Da importância que ele, como registro da memória coletiva, tem no âmbito cultural da nossa cidade e como peça da engrenagem do cinema, de forma geral.

Escrevo agora e não consigo me desvencilhar da voz de Demis Roussos... Ela que povoou meus dias de criança, que a ouvia nas rádios da cidade e a partir do som da difusora do vizinho bairro José Pinheiro, que chegava ao meu.

Tem coisas que nos acompanham a vida inteira de forma velada e que, vira e mexe, surgem de maneira mais contundente, a partir de algum gatilho.

Em 1974 eu tinha apenas 10 dos meus hoje, 56 anos. E uma enquete despretensiosa me fez voltar no tempo e repensar sobre como a vida se compõe de eventos de toda sorte. Hoje, relembro o fatídico Natal de um ano distante, mas que faz parte do que sou e me faz refletir sobre muita coisa... Se tornando, assim, tão próximo...

Viva o áudiovisual paraibano!   Essa mola propulsora de encantamento e de reflexão, tão desprestigiada pelos poderes públicos! Salve a arte, os artistas e toda a estrutura que torna possível esse trabalho que hoje é produzido  dentro das possibilidades de se "tirar leite de pedras", quando poderia ser reconhecido como fundamental e fomentado pelas instâncias competentes.

23/03/21


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