"Ando devagar porque já tive pressa..."

"Ando devagar porque já tive pressa..."
"Ando devagar porque já tive pressa..."

30/06/2020

Coisa mais linda

Eu quero um poema - o meu poema.
O poema que pedi e não me chegou.
Como o beijo e o abraço esperados,
Meu poema deve estar guardado
E nem sei se a mim chegará.
Mas nada cobro,
E se um dia der na telha,
Escreve qualquer besteira,
Que eu juro, vai me agradar.
Besteira? Falei besteira?
Sim, eu falei besteira.
Pois nada é de qualquer maneira
Vindo assim, de você.
Seria bem no capricho, o meu poema, acredito.
Então, continuo e  insisto.
A espera bem valeria
E agradecida eu seria, por ler a
coisa mais linda,
O poema escrito por você.

Lola, em 25/06/20

29/06/2020

Uma aventura sem fim

Hoje é dia de São Pedro. Acordei pensando em como desfrutamos a noite da véspera, comumente comemorada com muita alegria, fogueira, comidas típicas, fogos e, geralmente, outros sentimentos que transcendem a alegria do momento.
Curtimos como pudemos a noite passada, com a visita breve mas muito significativa e feliz, dos netinhos, da filha caçula, do genro querido. Foi uma noite de São Pedro meio diferente mas com seu próprio encanto.
Hoje, muito cedo despertei. E não só do sono. Preparei meu café e vim pra frente da TV, buscar a série que tem me enfeitiçado - a "Coisa mais linda" de se ver!
Com tantas cenas impactantes, outras nem tanto, mas que me impactam mesmo assim,  com diálogos magníficos, cujas frases de efeito, por mais que eu não as decore, ficarão impregnadas em mim, ou até mesmo, quem sabe, já estejam, visto que me remetem a um tempo onde eu redescobri minha afinidade com a temática das "relações de gênero", ao ser apresentada formalmente a ela, lá na graduação em Ciências Sociais,  quando professores como @CristinaMarin e @DurvalMuniz, marcaram minha trajetória acadêmica.
Hoje, nesta data simbolicamente importante e repleta de reminiscências, lembro da minha vida, da infância até o lugar e momento em que ora me encontro. Sinto prazeres vários, que me despertam pra o lado bom da vida. E são tantos... Não dá pra colocá-los assim, no singular.
Este momento histórico que vivencio, com tantos problemas no âmbito coletivo e que, claro, afeta o particular, me presenteia também com momentos muito ricos. Tento aproveitá-los na medida do possível. E tal medida sempre pode ser alterada, pra mais e pra menos. Vou driblando os prós e os contras até chegar na alegria necessária à minha sobrevivência. Até "escapar" do caos e construir caminhos possíveis, dentro da mesma lógica que construí memórias que hoje me dão suporte.
A vida é "uma aventura sem fim"... Eis uma frase de efeito, destacada da série em foco. Sob pena de esquecê-la, guardo-a como título desta crônica. As demais, guardarei como tantas outras, que me fazem, vez por outra, voltar às descobertas da graduação, da participação no PIBIC, do mine curso sobre história do cotidiano, do mestrado em Sociologia... Ficarão impregnadas no etos, no meu jeito de ser e estar nesse mundo, que é social, cultural, histórico. E é, sobretudo, lindo, mesmo que as vezes eu chegue a duvidar.
Quando pensei em escrever, a inspiração vinha das mulheres da série, com as quais me identifico em alguns aspectos. E ia justamente transitar entre as similaridades, tentando entender em qual delas eu me vejo mais. Terminei sem destacar nada disso e inveredei por outros caminhos... Pode ser que eu prossiga  a escrita deste texto... Ou quem sabe, escreva outra crônica a respeito...

Lola em 29/06/20 (sentindo além do que escrevo, posto que é impossível cristalizar nas palavras todo o sentimento. Quem sabe, nas entrelinhas...)

São João tá diferente

"São João tá diferente, tá melhor..." Cantarolo, enquanto reflito e questiono: Será mesmo que está melhor? Diferente, sabemos muito bem que está. Daí a achar melhor, vai do entendimento de cada um, e claro, a percepção individual é marcada sobremaneira pelo social.
Como paraibana e campinense, tenho me emocionado muito com as manifestações juninas possíveis. Em tempo de pandemia e distanciamento social, consigo enxergar um sentimento de pertencimento nada distante. A ancestralidade, o costumeiro, o cultural, têm sido fortes apelos e muito têm me tocado.
Não temos tido as fogueiras, os fogos de artifício, mas temos lives. E entre elas, a do @saojoaodecampinagrande  @saojoaodecampinagrande2020 e a de @gilbertogil , em pleno aniversário dele, me tocaram sobremaneira. Chorei e vi meu pai, no pai que é "Seu Gilberto"- carinhoso, atencioso, babão das crias.
Me emociono demais ao ver algumas lives de artistas renomados e tenho tido oportunidade de conhecer outros, apartir dos acessos via internet.
Foi o que aconteceu em relação a @yassirchediak , que venho acompanhando em lives diárias. Bem como com @fabioperonbandolim , que me foi apresentado justamente numa das lives de Yassir. São artistas que merecem, e muito, esta definição; Artista - "Aquele que tem habilidade ou vocação artística".
O segundo citado, Fábio Peron, vem me seduzindo, no sentido amplo da palavra, e me faz querer sempre conhecer um pouco mais de seu fazer artístico. Quando penso que não mais me surpreenderá, visto que já me admira o seu talento e carisma, a capacidade de conversar com os internautas enquanto toca, em atender pedidos de músicas para tocar, de reservar a sexta feira para o que ele e seus seguidores chamam de "Buteco do Peron", ele me veio com algo espetacularmente maravilhoso, nesta sexta feira 26/06/20 - a improvisação de uma composição, que ganhou um nome sugestivo, a partir de uma geleia de pimenta que fiz, enquanto assistia sua live, e ofereci.
Com "um olho no peixe e outro no gato", minha geleia de pimenta passou do ponto, mas, além de ser aproveitada, já que não costumo descartar nada, mas aproveitar o máximo que posso de cada coisa, seja ela como for, o que resultou, além do doce picante, foi aquilo que passou a ser eternizado na poesia tocada pelo jovem bandolinista.
Deliciosa! Este é o meu parecer sobre a live, a música e, por que não dizer, sobre a geleia de pimenta.
Aguardo ansiosamente pela próxima edição do buteco, onde é servido, além de música boa, aconchego, por parte de todos envolvidos, entre os quais destaco os pais do menino Peron, @peron.italo e @verahelenacury , @elmedeiros13 , @marihambrosio , @ViArrais , entre tantos, que não dá para citar.
Sexta feira tem mais buteco, o que significa que, a emoção sobre a qual falei lá no início da crônica, estará garantida.
Momentos envolvidos em arte nos elevam o espírito e transcendem em relação ao motivo primeiro de sua existência. Terminam se transformando em portais para um outro plano. Ou outros. São impregnados de possibilidades. E isso, pra mim, revela uma riqueza imensurável. Viajo da culinária à literatura, às séries de TV, às conversas virtuais com amigos, aos encontros e reencontros familiares diários, e assim vou me reconstruindo, tendo como plano de fundo o caos em que vive o meu país, dentro de um cenário mundial também caótico e triste, mas que, como tudo nesta vida linda, que Deus nos presenteou, passível de transformação.
E é o sentido filosófico que imprimo em tudo o que vivencio que me faz acreditar que tudo isso vai passar... E que o novo que está sendo construído pode vir a ser melhor.

Lola, em 27/06/20, (envolvidíssima com tudo o que se refere ao tempo de quarentena e emocionada com esse São João diferente, mas não melhor.)

02/06/2020

Envelhecer?

Sempre ouvi dizer que envelhecer é ficar velho, usado, desgastado, próximo do fim. Preferi pensar que o fim, nem sempre chega com a "velhice". Se chega ao fim quando se desiste de viver, seja literalmente, seja simbolicamente. Bem como, pode-se chegar ao fim ainda jovem. Temos notícias de muitos jovens e crianças que já se foram dessa vida.
Pensando assim, passei a refletir sobre meu próprio envelhecimento próxima aos 40 anos. Hoje, aos 55, me percebo dentro de um processo de envelhecimento, mas longe ainda, de ser velha, propriamente dita, de acordo com a visão da sociedade.
Há 13 mêses, me submeti a uma cirurgia bariátrica, que me ajudou   a perder mais de 40kg, o que me permite perceber que hoje minha aparência está mais jovial que há 10 anos.
E então, como considerar apenas o passar do tempo como propciador de deterioração do corpo, que nos faz sermos vistos como velhos, se existem outros fatores que provocam tal deterioração, aparência ou mobilidade limitada?
Bem, não vou aprofundar essa reflexão, apenas expor minha impressão que não apenas a idade nos envelhece. Circunstâncias de doença, acontecimentos, sofrimento, também nos tornam mais velhos, embora a idade seja realmente o referencial social.
Como me sinto aos 55 anos? Como alguém que viveu bem até aqui e que deseja continuar vivendo bem. A noção de viver bem tem mudado um pouco e isso me faz alterar meus planos, aqui, acolá. Porém, o gosto pela vida, me inspira a querer mais e mais.
Vou seguindo, dentro da minha lógica de viver bem, "não desejando mal a quase ninguém", como diz Lulu Santos. Pois entendo que as relações que estabelecemos favorecem ou não, ao nosso bem estar. E buscando me conhecer cada vez mais, tendo assim, uma base para conhecer as pessoas com quem me relaciono.
Aposto no amor, como sempre fiz, para tornar os dias agradáveis. Embora entenda que, nem sempre o amor é reconhecido se não for romanceado. E o que tenho feito é justamente aceitar que, não é necessário a um sentimento tão nobre o véu do romance.
Envelhecer, pra mim, é processo de auto conhecimento, que ajuda no conhecimento sobre o mundo em que vivo e que pretendo melhorar. E pra isso, é necessário arriscar alguma coisa. E isso depende do momento.
Então ouso, às vezes, arriscar. E faço isto na espectativa de não estagnar, pois se o fizesse, aí sim, me sentiria envelhecida.
Viver é bom e eu curto muito.
Gostei de viver a infância, a adolescência, a juventude... Agora, busco me preparar pra viver a " velhice"... Espero que a alegria de viver, que me acompanha desde sempre, não me decepcione. Sei que muito depende de mim, como em qualquer relação. É isso - pra mim, o envelhecimento é relacional. Então, no que tange à minha participação na relação com o envelhecer, posso dizer que me sinto aberta. Acredito que isso facilita muito as coisas.
Avante!

Maria do Rosário Nascimento Araujo

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