Lembro-me muito bem da sensação
gostosa que experimentei quando da primeira vez que fui chamada de professora.
Me despertou um sentimento de conquista de uma posição para a qual me preparei
com carinho e empenho, além de uma alegria relacionada à conquista. Muito bom
mesmo!
Sempre gostei de escrever, desde
as cartas da infância, que remetia ao meu irmão mais velho que sendo 15 anos
mais velho que eu, saiu de casa para cursar faculdade em Recife quando eu ainda
era criança, e depois, na adolescência, a duas irmãs que moraram em São
Paulo e uma outra em Santa Maria, até
despertar para a escrita de crônicas e poemas.
Escrever crônicas me apareceu
como uma forma de expressão gostosa, prazerosa, mas muito relacionada à técnica
de redação que fui exercitando durante a vida de estudante, principalmente a
acadêmica.
Passei a rabiscar alguns poemas,
também dentro da mesma perspectiva de sentir prazer escrevendo e de extravasar
sentimentos. Portanto, as crônicas e os poemas me encontraram, ou os encontrei,
não sei bem ao certo, em momento de luto pela perda do meu pai. Foi a
ferramenta que me permitiu exteriorizar sentimentos confusos que me afligiram
naquele momento de dor. Porém, depois passou a ser uma forma de, alegremente,
recordar tudo de bom que vivi e venho vivendo ao longo dos dias.
Três parágrafos me foram
necessários para introduzir a afirmação de que, tanto quanto ser chamada de
professora me fez feliz, passar a ser chamada de poeta ou poetisa me encheu de
alegria. Não que eu realmente me considere uma poetisa, não! Mas pelo afeto que
percebo na recepção aos meus escritos. No carinho que encontro entre as pessoas
que se ocupam em ler o que eu escrevo e se preocupam em me dar um retorno desta
leitura. Me chamar de poeta ou poetisa, passou a ser uma manifestação de
reconhecimento de que minhas palavras não são vazias de significados. E eu
acolhi o predicado com muito carinho, me sentindo agradecida e principalmente
comprometida com meus leitores, se é que posso chamar assim. O que me faz mais
exigente a cada dia e preocupada com o que e como escrevo e mais ainda; se
antes eu escrevia para mim, numa forma de exorcizar dores, medos, problemas,
além de claro, exteriorizar a minha alegria de viver, hoje me preocupo também
com quem me lê, e essa preocupação me faz aproximar mais ainda das pessoas e
entender suas maneiras de encarar a vida, aprendendo muito com elas.
Ser chamada de poeta ou poetiza,
é algo muito especial em minha vida. E pretendo continuar merecendo este
tratamento, de forma que escrever tem sido cada vez mais, uma atitude
corriqueira, a qual venho naturalizando e introjetando como prática cotidiana
sem a qual me sinto incompleta e com a qual me sinto plena.
Lola (08/10/12)
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