Trem Das Cores
A franja
na encosta
Cor de laranja
Capim rosa chá
O mel desses olhos luz
Mel de cor ímpar
O ouro ainda não bem verde da serra
A prata do trem
A lua e a estrela
Anel de turquesa
Os átomos todos dançam
Madruga
Reluz neblina
Crianças cor de romã
Entram no vagão
O oliva da nuvem chumbo
Ficando
Pra trás da manhã
E a seda azul do papel
Que envolve a maçã
As casas tão verde e rosa
Que vão passando ao nos ver passar
Os dois lados da janela
E aquela num tom de azul
Quase inexistente, azul que não há
Azul que é pura memória de algum lugar
Teu cabelo preto
Explícito objeto
Castanhos lábios
Ou pra ser exato
Lábios cor de açaí
E aqui, trem das cores
Sábios projetos:
Tocar na central
E o céu de um azul
Celeste celestial
Cor de laranja
Capim rosa chá
O mel desses olhos luz
Mel de cor ímpar
O ouro ainda não bem verde da serra
A prata do trem
A lua e a estrela
Anel de turquesa
Os átomos todos dançam
Madruga
Reluz neblina
Crianças cor de romã
Entram no vagão
O oliva da nuvem chumbo
Ficando
Pra trás da manhã
E a seda azul do papel
Que envolve a maçã
As casas tão verde e rosa
Que vão passando ao nos ver passar
Os dois lados da janela
E aquela num tom de azul
Quase inexistente, azul que não há
Azul que é pura memória de algum lugar
Teu cabelo preto
Explícito objeto
Castanhos lábios
Ou pra ser exato
Lábios cor de açaí
E aqui, trem das cores
Sábios projetos:
Tocar na central
E o céu de um azul
Celeste celestial
Desembrulhado a Maçã
Cantarolando Trem das Cores, de
Caetano Veloso, relembrei falas de professores queridos, de antropologia e
minhas próprias aulas, quando enfatizo que as nuances, os detalhes, os
pormenores, dão o tom - o tom das cores - como um lindo TREM DAS CORES,
cortando serras, abrindo caminho ao desconhecido.
Esta composição não apenas cita
detalhadamente, minuciosamente, um cotidiano que muitas vezes passa
despercebido, necessitando ser desembrulhado, como a maça envolvida ao papel de
seda azul... E quanto perfume o papel exala! Quanto sabor! Quanta sensação que
só a partir do desembrulhar se revela!
Os dois lados da janela tornam-se
lócus imprescindíveis e privilegiados a uma visão mais elaborada, mais multifacetada,
que possibilita ver o “quase inexistente”, o “que não há”.
Nuances como a “cor de romã”, que
geralmente pintam os rostos das crianças brincando, se eternizam enquanto
lembranças gostosas de buscar e rebuscar, como “o mel de cor ímpar” que adoça o
olhar do bem amado.
Ouço, leio, ouço de novo e leio
mais uma vez, duas, três, e nunca me canso de encontrar beleza nesta música que
encarna a singeleza da vida e que me atiça para desejar mais e mais vivê-la,
pintando cores da aquarela, num trem em movimento ou no corpo muitas vezes
estancado pelo cansaço.
Lola (05/12/12)
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