É de conhecimento de quase todos que me conhecem, o meu
apreço pela escrita. Justamente por isto, algumas vezes sou incumbida de
escrever crônicas ou qualquer outro tipo de texto. É neste sentido que volto a
escrever sobre e para a turma de colegas do CPUC, que compartilharam comigo
muitos dos anos bons que venho amealhando na vida.
Desta vez, Ronaldinho – novamente ele – foi enfático:
Escreva sobre perdão, tolerância e amizade. Neste caso, discorrerei sobre
amizade, posto que ela só existe se o perdão e a tolerância forem exercitados.
Estes últimos a compõem, de forma que, sem ele, não se pode dizer que existe
uma amizade.
Fomos contemporâneos de uma fase da vida passada numa mesma
escola. Isto nos faz bem parecidos em alguns aspectos, embora outros tantos nos
saltem aos olhos enquanto diferenças.
A diversidade é o objeto de estudo da ciência que escolhi
para me aprofundar e exercer meu ofício, a antropologia. Não foi à toa que a
descobri e passei a ser seguidora. Ela diz muito do que sou desde a escolha ao
aprendizado adquirido através dela. É a diferença que me chama a atenção. É ela
que me faz ver o colorido da vida. As muitas facetas que nos são intrínsecas,
as possibilidades que dispomos para ser e estar no mundo, é o que dá vida a
este mundo. Portanto, se todos fossem iguais, mesmo que “a você”, no dizer do
poeta, não seria nada maravilhoso viver.
Quando aterrissamos nesta vida, trazemos conosco a nossa
marca. Saber transitar entre as dos demais seres que nos acompanharão na
jornada é o “grande lance”.
Não devemos ofuscar o jeito de ser de ninguém, mas também,
não podemos deixar que ofusquem o nosso. Maleabilidade é a palavra chave para orientar
nossas relações. O perdão é algo divino e nós, como criaturas de Deus, temos o
perdão como dom. Mas ele só é necessário em casos onde nos esquecemos da
tolerância e extrapolamos de forma negativa ao lidarmos com nossos
“semelhantes”. A amizade nasce se
enraíza, e cresce, quando conseguimos ponderar e apreciar o outro apesar das
diferenças. Não sendo assim, apenas estaremos nos olhando no espelho e nos
enaltecendo. Apreciando o que há de nós no jeito de ser do companheiro de vida,
já que o processo de identificação requer justamente isto: apreciar no outro o
que se é e não o que ele é. Ver no outro, aspectos nossos, e admirá-los, como
se estivéssemos admirando-o. Entendamos, então, que, até o que percebemos como
negativo, e, muitas vezes, nefasto, naquele que contracena conosco, é, de certa
forma, a única maneira de vermos as nossas próprias falhas. Perdoar aparece,
então, como uma maneira de nos redimirmos, de fazermos as pazes com nós mesmos.
Neste período do ano, quando se fala em paz, amor,
fraternidade, união, reconciliação; tentemos olhar pra nós mesmos, antes de
apontar as falhas alheias. Estar de bem conosco, é meio caminho andado para
estarmos bem com os outros. E assim, quem sabe, a tão almejada paz mundial
passe a ser algo mais atingível. Deixe de ser falácia ou utopia no mal sentido.
Seja a utopia que nos sirva de mola propulsora.
“Perdão foi feito pra a gente pedir” – Peço perdão a quem
magoei, direta ou indiretamente, e principalmente, sem a intenção de magoar.
Geralmente acontece justamente isto - por motivos bobos ou até mesmo sem motivos,
sem intenção alguma, magoamos pessoas que nos são caras.
Falemos agora de alegria, de confraternização e de tudo de
bom que pertence à amizade. E aproveitemos mais este encontro que Deus nos
proporciona.
BOA NOITE, AMIGOS CPUC!
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