A secretária da clínica abre uma pequena árvore de natal, já montada e põe sobre o balcão. Acho estranho, mas prático. No apartamento da praia, repito seu ato, e, de maneira rápida e eficaz, estou com uma arvorzinha montada sobre o aparador de vidro. É um ato meio sem graça, sem ritual. Bom mesmo, apesar de trabalhoso, é montar a grande árvore de casa, cheia de enfeites de toda sorte. Fico exausta, mas vale muito à pena. Ela fica linda e eu cheia de orgulho de tê-la montado ao meu estilo.
É engraçado como cada árvore se assemelha à pessoa que a prepara; a de Fáti é frondosa e acolhedora como ela, a de Leta super organizada, a de Mª Eunice, chique, a de Graça clássica, a de Lulu, lindamente exagerada, a de Zezé, pelo que vejo em fotografias, e é só assim que a vejo, alegre e despojada, a de D. Eliete, criativa e animada...ah, a minha, que o digam as pessoas que a vêem, pois se eu o fizer, dela só contarei vantagem, pois tenho um carinho muito especial por ela e é com esse carinho que a deixo do jeitinho que desejo e um pouquinho diferente a cada ano.
Hoje realizando uma tarefa que não me agrada nem um pouco - estou desmontando minha árvore de natal - acho melancólico e cansativo - enquanto retiro os enfeites fico pensando na praticidade da tal árvore da clínica...da minha da praia...e de outras que eu vejo por aí, que não dão o mínimo trabalho para armar, quanto mais para serem desmontadas.
Mais que enfadonha, a tarefa é mesmo melancólica, pois com a simbologia da árvore muitas vezes guardamos também nossos votos de um bom ano. Quantas promessas, amigos, almas enlevadas pelo espírito natalino, depositamos em caixas e só liberamos com a proximidade do natal seguinte.
Tento não agir dessa forma que condeno, embora saiba que, aqui, acolá, esqueço de alguma coisa ardentemente desejada no período das festas de final de ano, mas não deixo de ter essa sensação desagradável ao descompor minha árvore de natal. Sei que outros natais virão e que serei feliz quando chegarem, e não posso esquecer que esse ritual de passagem é imprescindível para que o ano realmente comece e com ele venham as atitudes que em muito, tornarão meus sonhos realizáveis. E, como diz um querido amigo: tudo tem o seu momento e é chegada a hora de me despedir dos meus inúmeros papais Noel e adereços de natal, entre eles, anjos, bolas, estrelas e uma infinidade de coisas que acho lindas e que por mim, ficariam expostos o ano inteiro. Digo isso ao mesmo tempo em que reconheço que sua aura natalina se esvairia na mesmice cotidiana e eles deixariam de ter o brilho reconhecido, até por mim, que tanto os aprecio.
Que venha realmente o ano novo. Até o final de janeiro só o diremos assim. Amanhã entraremos na segunda quinzena do primeiro mês. Logo deixaremos de percebê-lo assim e ele será apenas mais um ano. E que seja feliz. Que seja próspero. Que seja mais fraterno. Que a alegria de viver seja uma constante. E isso tudo, em grande parte, depende de nós. Pois que façamos o nosso ano acontecer, alegre, colorido, brilhante, diversificado e lindo, como uma árvore de natal.
Lola (14/01/11)
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