Corri até a sala e me deparei com a cena desagradável aos meus olhos. Olhos de quem acreditou no reforço que tinha dado, na segunda vez que colou o nicho na parede. Entre todos, só São Pedro saiu ileso. Peço a ele que interceda por nós e nos conserve assim, ilesos à Covid19, que assola a humanidade.
Talitta também correu até a sala e desdenhou da minha teimosia em colocar novamente os santinhos naquele lugar, depois de já ter passado por experiência igual. Daquela feita, N. Senhora não estava lá. Inclusive nos sentimos agradecidas por isto. Como reforcei os adesivos 3M, pensei ter deixado o nicho seguro e, teimosa que sou, coloquei a N. Senhora, que é de porcelana, presente que Talitta me trouxe em uma de suas viagens (os demais são de resina). Isto bastou pra que ela,Talitta, tenha sido contundente em sua crítica.
Minha resposta a ela foi dizer que graças a Deus, a santinha tinha quebrado apenas em três pedaços, o que facilitaria a restauração.
-"Só três?" Ironizou ela. - "Simplesmente acabou, né mãe?!"
Respondi que não. Que iria colar cada pedacinho e minha Maria voltaria a me encher os olhos com sua beleza terna.
Hoje resolvi iniciar meu dia, após o café da manhã com Rostand, providenciando a restauração dos santinhos, aproveitando pra colar, também, outras resinas e uma doceira. (Haja cacos a serem colados, hein?!) Mas melhor que sejam cacos materiais. Difícil mesmo é quando se tratam de cacos na vida, na alma... Mesmo assim, acredito no poder restaurador que a própria vida forja em nós.
Iniciei o processo pela N. Senhora de Fátima. Colei a base que era o maior pedaço. Depois o rostinho, segunda maior parte. Restando a cruz da coroa - o terceiro e menor pedaço. Pelo menos foi isto que eu imaginei, até me deparar com um pequenino espaço.
Enquanto dava um tempo para que as peças fossem coladas, a cola rápida fizesse efeito, eu ia colando os outros santinhos. A cada um deles, agradecia e entregava algumas intenções. Me sentia cada vez mais leve, segura e abençoada, conforme me aprofundava em oração e via o resultado das colagens.
Segura, confiante e esperançosa, resolvi voltar ao lugar que encontrei os pedaços dos santos, na tentativa de encontrar o pedacinho que faltava para deixar minha Mãezinha do Céu como ela merece. Ao mesmo tempo, já me sentia agraciada por ter conseguido deixá-la daquele jeito, faltando apenas um micro pedaço.
Minha "surpresa" - e coloco assim, entre aspas, para enfatizar que não me surpreendi tanto assim, pois revesti meu desejo de fé - encontrei, debaixo da espriguiçadeira, o pedacinho que faltava. Lá, jogado ao chão, virado para baixo, se confundia com o piso, de tão minúsculo que é.
Lembrei das palavras de Jesus, que disse que se nossa fé for do tamanho de uma semente de mostarda, conseguiremos grandes feitos, grandes graças.
Não que a colagem quase perfeita de uma santinha de porcelana se compare a um grande feito ou a uma graça importantíssima, não. Mas o que tiro de lição do acontecimento, isso sim, me vem como graça. Os pequenos milagres diários que recebemos contam e muito. E por eles sou toda gratidão. Além de me fazerem vislumbrar o poder da oração - sim, orei enquanto fiz o meu trabalho. Rendi graças a Deus, pedi em nome de Jesus, ressaltei a importância dos santos intercessores e pedi, inclusive, pra me permitirem ser intercessora como eles. Que a minha oração chegue sempre a Deus, em nome de Jesus, por todas as pessoas por quem peço.
Hoje meu domingo está abençoado e com estas palavras escritas, intenciono dividir minha fé e esperança com cada leitor.
Que elas sejam a base de todo trabalho, para que rendam frutos e façam resplandecer em cada um, a comunhão dos santos, o poder da oração, o desapego no sentido de entrega a Deus de forma responsável, como Jesus propôs: "Orai e vigiai."
Ao encontrar o pedacinho que faltava, recompus a imagem de N. Senhora, mas sobretudo, me senti agraciada por inteiro.
Lola, em 21/02/21 (em estado de graça)