"Ando devagar porque já tive pressa..."

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12/07/2020

Chocolate Quente

Deitei, no meio desta tarde de domingo, buscando um cochilo que não aconteceu.
Friozinho bom na serra da Borborema e isto apetece. Mas apetece também alguns sabores... E gulosa como sou, levantei pensando em chocolate. Ia fazer brigadeiro, ou chocolate quente, mas optei por pipoca.
Pipoquinha feita, sentei-me em frente à TV, acompanhando o êxtase de Talitta, assistindo a live do Ilê Ayê e me deparei com o chocolate. Não o desejado, mas o que me veio como bonus.
Chocolate - delicioso, desejado, belo e envolvente - o chocolate da cor da pele de cada músico, dançarina e cantor do grupo que vai além de qualquer formação de banda. Esta identidade baiana, que nasce, cresce e vive com o propósito primeiro de dizer sim à negritude brasileira. Mas, principalmente, de dizer não a tudo que a ela se contrapõe. Porque, infelizmente, tudo o que se contrapõe à negritude, não pode ser visto como apenas dissenso ou opção de diversidade. No país que praticamente nasceu a partir do trabalho negro escravizado, de pessoas que arrancadas de seus lugares de origem, passaram a ser, além de tudo, estigmatizadas, à sua cor foi relacionado muito o que há de negativo.
Me delicio degustando o chocolate quente, muito quente, posto que canta e grita - NÃO NOS MATEM.  Dança e evoca os orixás - NOS PROTEJAM. Atuam e mandam o recado - ESSE PAÍS É FEITO POR NÓS, NINGUÉM VAI MUDAR NEM CALAR NOSSA VOZ.
Hoje o meu dia segue abastecido de chocolate. E eu, que nem chocólatra sou, me sacio, bebendo na fonte da ancestralidade afro que tanto me fascina e inspira.
BA TUM TUM... E me emociono ao ponto de, além de chegar às lágrimas, recorrer à palavra escrita, essa que grita em mim todos os gritos possíveis e tem poder de reverberar.

Lola, em 12/07/20 (emocionada com a live do Ilê Ayê)

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