"Ando devagar porque já tive pressa..."

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14/07/2020

Do amor que a quarentena não me tira


Do amor que a quarentena não me tira, aproveito como posso. Não que me seja fácil ou tranquilo, e as vezes consegue ser. Mas porque é a única maneira que tenho para desfrutá-lo. Claro que há dias de - não posso dizer revolta, pois não é, mas de introspecção - além de um tanto quanto melancólicos. Porém, na maioria deles, consigo vivenciar o amor dos meus netinhos.
Semana passada, um evento me deixou muito feliz, embora, como tem sido nesse tempo de pandemia e de distanciamento social, um pouquinho de tristeza me rondou. Falo sobre o que Priscylla, minha filha caçula me contou: Heitor, em fase de brincar de mágico, a transformou em mim. Disse as palavras mágicas e puf... – “Você agora é vó Loló “. Entrando na brincadeira, ela, prontamente passou a me imitar, no jeito e no tom da fala, o que o deixou muito admirado, a chamar Alice e dizer muito satisfeito: “Olha Alice, é vó Loló! Fala com vó Loló...”
Certas coisas, por mais que tentemos comentar, dividir com alguém, nos deixa uma vontade imensa de eternizar. É com essa intenção que escrevo a respeito.
Hoje, numa vídeo chamada de vídeo, estivemos juntos novamente. Isso tem acontecido quase diariamente. Percebi em Heitor, a necessidade de falar comigo. Era tanto “vó Loló”... Tanto “olha isso, olha aquilo”, me mostrando as coisas que fazem parte da sua vida doméstica... Então comentei mais tarde, com Priscylla. Logo mais, ela me enviou áudios, que gravou ao perceber que ele, já no berço, pronto pra dormir, fazia de conta que falava comigo... E continuava a conversa iniciada na vídeo chamada... Pri gravou parte dessa conversa do outro lado da porta do quarto fechado.
E aí, meu coração, que fazer com essa informação? - Tentar ser racional e não me abalar emocionalmente, embora esteja morrendo de saudades de encontros presenciais? Fecho os olhos e sinto os cheirinhos deles, de Alice e Heitor... Sinto falta das recorrentes visitas, das noites passadas comigo, dos beijinhos e abraços... Sinto falta de tudo... Menos do amor...Pois o sinto presente na ausência e em nossos encontros remotos - ou devo aproveitar a experiência para justamente ratificar o sentimento que nos une, incondicionalmente?                                                       
Acho que a união das duas opções é a atitude viável. Tentar ser racional ao ponto de não sofrer por algo, uma situação que não posso mudar, pois foge do meu controle, e ao mesmo tempo, perceber que a tudo o amor consegue dar significado positivo.
Lola, em junho de 2020 - (Sentindo-se saudosa e grata, na mesma proporção.)

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