Sou muito ligada à intuição, à espiritualidade, e tenho uma relação com a oração que considero profunda. É ela, a oração, que me propicia a conexão que desejo, com Deus e com meu eu mais profundo. Isso me concede uma leveza que me mantém de pé, mesmo em momentos de turbulência ou de, no mínimo, ansiedade.
Considerando a ansiedade como um dos aspectos relevantes na minha maneira de ser, posso dizer que tenho tentado lidar com ela, justamente despertando para os estragos que pode causar e a percepção de que, as características que citei lá no início, podem ser ferramentas importantes para minimizá-la.
Hoje, dia dos professores, não por acaso, lembrei de uma passagem do pequeno livro Minutos de Sabedoria, de Pastorino. É que ontem, ao assistir o Papo das 9, com André Trigueiro, o vi citar o livro e também falar alguma coisa sobre o ofício do professor.
Num piscar de olhos, voltei no tempo e me deparei com o meu primeiro momento como professora, de fato e de direito. Antes, já tinha experimentado, nos estágios, na graduação em Licenciatura em Sociologia e no mestrado, situações em sala de aula, porém, como professora contratada, ainda não tinha atuado.
Cheguei bem antes do horário da aula e aguardei, sem nem um pouco de tranquilidade, a chegada dos alunos. Estes foram chegando, um a um, por vezes em grupos, e enchendo a sala, me deixando numa aflição sem tamanho. Eu pensava: Meu Pai, eles estão aqui pra assistir à minha aula! O que faço? Me ajuda! Pedi a Deus iluminação e busquei na bolsa, o pequenino livro, abrindo-o, sem que ninguém percebesse.
Não posso dizer que fiquei chocada, mas o impacto que a mensagem me causou, merece até hoje, reflexão, no sentido de que nada acontece por acaso. Também não diria que parece que foi escrita para mim, porque não tenho dúvidas que, senão escrita, naquele momento, foi dirigida sim a mim. E eu a acolhi como costumo fazer com todos os sinais que percebo, vindos do alto. E isso não é raro em minha vida.
Neste momento em que o magistério, quando não invizibilizado, é denegrido, secundarizado, gostaria que cada profissional da educação sentisse o poder daquelas palavras e se percebesse como mola propulsora de transformação indelével. A partir delas, entendesse o seu valor.
Foram aquelas palavras, com o poder que emana da palavra e que eu muito valorizo, que me fizeram, ao fechar o livro, encarar uma turma enorme, de mais de 60 alunos, me apresentar e iniciar minha história de professora sem receio, sabendo que daria conta, reconhecendo toda a minha tragetória que me preparou para chegar até ali. E não deu outra, a aula foi maravilhosa, transcendeu ao planejamento, refletiu o preparo intelectual e ratificou meu talento para lidar com os alunos, iniciando assim, uma nova fase em minha vida, repleta de emoções, nuances, situações que foram me transformando, conforme transformavam, também, as vidas dos meus alunos.
Hoje parabenizo todos os professores pelo seu dia, esperando que as experiências coletivas imprimam em suas práticas a riqueza de detalhes positivos que geralmente as experiências individuais lhes trazem.
Viva o 15 de outubro, dia dos professores!
Lola, em 15 de outubro de 2021.