Manhãs frias, corações quentes; eram assim as nossas manhãs juninas, depois do apagar das chamas das fogueiras de São João e São Pedro, quando ao acordar, ainda com sono da farra da noite anterior, descíamos a pequena escada e corríamos, ainda de pijamas de flanela, feitos por mamãe, para nos aquecer pertinho das cinzas ainda em fumaça.
Era lá que esperávamos o café ficar pronto, para saborearmos, mais uma vez, as delícias de milho.Num tempo em que o clima de Campina era bem mais frio, contrastando com os costumes da época que conduziam a relações bem mais calorosas.
A casa ainda desarrumada e o terraço cheinho de papel dos traques estourados, ainda exalando um cheirinho bom de pólvora queimada.
Oh Infância que não volta mais, assim como nada é susceptível à volta .E que deixou saudades, por ter sido tão prazerosa a ponto de deixar marcas que, diferente da fogueira cujas marcas não se perenizam no chão de terra batido, se eternizaram em minha história, fazendo do que eu sou hoje, reflexo do que eu fui outrora.Sinto muitas saudades de tudo que fez parte da minha infância, mas mais do que a saudade, existe em mim um reconhecimento de que tudo foi como deveria ter sido e como eu, se tivesse planejado, assim o teria feito.
"Ando devagar porque já tive pressa..."
21/07/2008
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