"Ando devagar porque já tive pressa..."

"Ando devagar porque já tive pressa..."
"Ando devagar porque já tive pressa..."

18/10/2020

Meu pé de manacá

Meu pé de manacá veio sorridente.

Não trouxe nem um flor, mas esperança em suas folhas verdes.

Me deu alegria antes de saber que existia.

Tenho certeza que suavizará meus dias.

Lola, em 16/10/20.


Sobre o cheiro do abraço

São tantas coisinhas pra lembrar com alegria... Gostaria de não esquecer nunca de certos momentos... Ontem vivi um assim, inesquecível!

Depois de quase 7 mêses sem o prazer do abraço dos netinhos, pra me parabenizar pelo aniversário, Alice me abraçou. Partiu de mim a intenção, visto que ela e Heitor estão bem orientados no sentido dos perigos da pandemia. 

Logo após os parabéns, enlevada  pelo momento, abracei os dois, que estavam ao meu lado pra fotografia.

No abraço, além do aconchego, da amorosidade que vem com ele, ouvi - e quase não ouvia, dada a emoção daquele instante e o barulho da comemoração, uma das coisas mais lindas que Alice já me falou. E olha que coleciono pérolas dela, neste sentido.

Me contou que sentiu meu cheirinho... E que estava com saudades de sentir... Relembrou dos momentos que passamos juntas, às sextas feiras, quando ela vinha direto da escola, passar a tarde comigo. Um dos pontos altos destas tardes de sexta, era o nosso banho e logo em seguida, a maratona de desenhos e "filminhos" que assistíamos, deitadas em minha cama... Então, ela disse que no abraço sentiu o cheirinho daqueles momentos... 

 - "Lembra, vó Loló?" E como eu poderia esquecer? Adoro a companhia dela e de Heitor! Amo ficar com eles, brincar de escrever, de cantar, dançar,  assistir TV,  oferecer comidinhas, mimos... É o que há de melhor nessa vida, pra mim...

Me senti acarinhada. Seus relatos me chegaram como um afago na alma... Como um lindo presente de aniversário, acompanhado dos cartões que os dois fizeram. No de Alice, além de um desenho, a letra de uma música que fez pra mim. No de Heitor, rabisquinhos lindos! - "Foi a gente que fez pra você." E no dia seguinte, a revelação do conteúdo dos tais rabisquinhos: " Vó Loló, eu te amo! Você é minha princesa linda!"

Tem quem aguente tanta fofura, tanto amor? Eu aguento! E mais - me alimento disso tudo e torno meus dias amenos, apesar do caos neles contido. 


Lola, em 17/10/20.


 

09/10/2020

Vem

O que se faz ao se sentir saudades?

Como agir se sentimentos traem?

Ah, eu não sei nada de mim, nem de ti.

Só sinto muito se tudo é assim.

Mas também sinto que pode mudar

E vir a ser o que eu me permitir.

Fica o convite pra vires comigo

E sermos juntos o que desejo tanto.

Vem, mas vem mesmo, vem ficar comigo.

Vem, meu menino, que criei sonhando

E adormeci sem ter perto de mim.


Lola, em 09/10/20.

25/09/2020

Das janelas da vida

Janela da vida - outonal, primaveril.

Quem sabe, de verão, ou até inverno

O que importa é o que se encontra interno,

No nosso coração, cuja colheita 

Pode até não ser perfeita, mas é nossa

Marcada pelo nosso esforço - nossa obra.


Lola (29/03/19)


16/09/2020

De ser plural

Em Adélia ,vi Inácia, minha colega das séries iniciais, nas Lourdinas. Menina negra, que não conseguia brincar de roda, simplesmente porque a única criança que aceitava pegar em suas mãos era eu.

Em Ivone, vi meu medo de me expor em concursos para professor... Medo de me expor na hora de concorrer. Sei que sou boa em sociologia e antropologia, adoro uma sala de aula - me sinto  no lugar e momento certos- consigo trabalhar os conteúdos de forma a tornar agradável o processo ensino/aprendizagem. Mas me tirem de uma seleção com aula expositiva. Sou capaz de gaguejar, quanto mais travar a voz, o raciocínio e a vontade de viver. 

Em Lígia, vi meus momentos, ora ousados, ora recatados... Quando sinto vontade de, muitas vezes, ir além do que socialmente é esperado de mim. A oscilação entre a esposa, mãe, profissional, mulher plural e complexa.

Em Tereza, vi minha competência, nem sempre aparente, minha condição de mulher amável e amante, meu jeito de crer na pluralidade de formas de amar e de se relacionar ...

Em Malu, vi um pouco da criação que tive, dos cuidados paternos, na vocação para a verdade das coisas... Mas vi também o que eu não sou capaz... Malu realmente transforma em possibilidades tudo o que lhe obstaculariza os caminhos. Apesar de ir à luta e de não ser do tipo que chora o leite derramado, estou longe de ser audaciosa e prática como Malu.

Mas sou eu e gosto muito do que sou - em contínuo processo de construção e reconstrução, vir a ser permanente...


Lola, baseada nas personagens da série Coisa mais linda.


10/09/2020

Gostinho de céu

Eu tenho certa resistência às mudanças... Mesmo assim, estou aberta a elas e aproveito as oportunidades que a vida oferece.

Hoje experimentei um dia dos avós diferente dos oito que vivenciei desde que Alice me tornou avó - uma comemoração remota.

Eles me ligaram por chamada de vídeo, pela manhã. E no início da noite, demos continuidade às conversas e brincadeiras que havíamos começado. 

Adoro conversar com eles assim e vê-los brincando e se esforçando (como se fosse necessário) para nos agradar. Hoje combinei de fazer uma geleia de morango, há alguns dias prometida, em tempo real. Eles viram todas as etapas e Alice até anotou o passo a passo. A geleia está pronta, fria e acomodada em um vidro. Amanhã o vovô Rostand irá fazer a entrega.

O sabor vai além dos morangos... Transcendeu pra gostinho de céu, disfarçado em casa de vó... Com a certeza de que minhas "formiguinhas" vão adorar, caprichei na doçura.

Se prestarmos atenção, há muitas coisas na vida que não tem preço, mas cujo valor é imensurável. Mimar meus queridinhos se enquadra numa destas coisas e me faz um bem enorme.

Vivi hoje um dia dos avós diferente,  mas muito bom. Claro que sinto falta dos abraços, beijinhos e cheirinhos deles. Mas conto com o amor que vejo em seus olhinhos e na sua alegria de estar conosco.

Agradeço pelo dia de hoje e, principalmente, pela condição de avó. E desejo a todos os avós do mundo, que logo estejam juntos aos seus netos e possam desfrutar de suas amorosas companhias. Que tudo isso logo passe e continuemos a ser felizes com o que tivermos para o momento. O que temos pra hoje é a certeza de sermos avós e isso nos basta.

O meu dia dos avós foi muito feliz. Espero que o de todos também.


Lola, em 26/07/20 - Dia de Santa Ana e São Joaquim, avós de Jesus)

09/09/2020

Agridoce

Adoro pimenta! Vai bem com caldos, carnes, feijão...
Pimenta, pra mim, harmoniza com quase tudo.
Uma das combinações mais perfeitas, segundo o meu paladar, é com geleia.
Geleia de pimenta materializa um sabor excêntrico e profundamente delicioso.
A vida, ao meu ver, é uma geleia de abacaxi com pimenta - saborosíssima, doce e picante na medida certa.
O acompanhamento?
Tudo o que me apetece:  bons queijos, torradas, presunto, carne assada...
E uma companhia animada - daquelas que afagam minh'alma.
Que não há taça de vinho que a valha.
Desejo de pimenta adocicada...
Do sabor agridoce que me agrada.

Lola, em 26/08/20.

Lamento

Quero que passe o tempo
E com ele, se vá também essa angústia que sinto.
Está difícil de achar algo bonito.
E acredito em esperança, em boa fé.
Creio, inclusive que, se Deus quiser,
Estaremos livres do que nos consome.
Mas meu desejo hoje é preemente.
Quero ver gente, abraçar, beijar e amar como sei fazer.
Tenho feito tudo isso de outras formas
E não naturalizei como "novo normal".
Quero minha forma de viver mais natural,
Mais livre de medos, de angústias, inconstâncias.
Que nos soprem os ventos da esperança
E voltemos a viver plenamente,
E sem lamento sigamos em paz.

Lola, em 18/08/20.

08/09/2020

O beijo do desejo

Quero um beijo com ardor, com perfume, brisa e cor.
Quero a primavera contida nos dias de flores e nas noites enluaradas
- Beijo primaveril, de namorado à namorada,
Beijo de amor.
Quero tudo e quero mais
- Três festas do ano, carnavais.
Sonho há tempos e ainda lembro
Que o beijo do desejo é como um rio...
Caldaloso, enlouquecido de nuances, bem assim...
Coisa vinda de você... Pra mim....

Lola, em 06/09/20

22/08/2020

Há vida na estante

Num instante, ponho meus livros abaixo,

Elevo meus pensamentos.

Lembranças quase se escrevem sozinhas nas páginas em branco da minha vida.

Visito tantas escritas, lembro das nunca ditas.

Fica a saudade sem dor, a alegria espalhada

Entre as prateleiras, agora quase vazias,

A espera de reorganização da estrada ainda a percorrer.

O pó retirado resseca as mãos e molha os olhos.

Cada pessoa tem a estante de livros que merece.

A minha, hoje arrumada, revista, 

Diz muito do que penso e acredito sobre a vida.


Lola, em 22/08/20 (arrumando a estante)

20/08/2020

Ajuste

O que o tempo faz de mim e o que aproveito dele?

Nossa relação existe e às vezes é conflituosa.

Mas não o culpo e tento não criar expectativas,

Quem sabe, assim a vida siga mais tranquila...

"Se der tempo", "daqui a um tempo", "há tanto tempo",

Muitas vezes soa como desculpas.

Ele atravessa em minha frente

E eu nem sempre consigo reagir.

Tudo o que faço é prosseguir...

E me ajustar ao tempo que Deus deu pra mim.


Lola, em 30/08/20.

15/08/2020

Setembro

"Quando entrar setembro e a boa nova andar nos campos",

Que seja céu azul, mar imenso, praia sem fim.

Que o perdão plantado seja colhido e acolhido por todos.

Que o sonhar junto enseje realizações coletivas.

Que a canção nova, além da primavera, nos traga janelas e peitos abertos, lições aprendidas.

Que seja assim a vida, quando setembro chegar.

Lola, em 11/08/20


13/08/2020

Viva São Pedro!

Festejar é preciso... Não deixar a peteca cair, imprescindível... A vida segue, dentro de sua lógica própria... Nem sempre compreensível aos nossos olhares, embora nossos sentimentos e intuições sugiram a necessidade de confiar nos desígnios de Deus... E assim o fazemos... Seguimos... Nem sempre firmes, nem sempre fortes, mas desfrutando do que temos pra hoje, esperançosos no amanhã, que pode até demorar, mas há de chegar...VivaSão Pedro!

Lola, em 29/06/20.

12/08/2020

Passo a passo

Nota a nota, ouço o som da tua voz.

E me dizes tanto, quando escuto

As músicas escolhidas, dedo a dedo,

Me convidando a dançar - ai que desejo!

Então aceito e passo a passo, me enamoro.

Então acordo e os acordes não me saem...

Sigo sozinha sem esperanças, sigo em paz...

Quem sabe, um dia, entre nós, se desfaçam os nós.

E o que hoje é sonho meu, seja sonhado pelos dois.


Lola, em 10/08/20


11/08/2020

Impublicável


Do que eu sinto, muito não publico.

Impublicável, não minto.

Mas não me arrependo nem um pouco,

Visto que de louco, todos nós temos um pouco.

Então insisto e ainda digo:

É bom demais sentir assim, e é tão bonito!

Que até os que loucos não são,

Dariam tudo pra viver também

enlouquecidos de paixão.

Sem controle do próprio coração,

Que não publica, enquanto grita, internamente.

E eternamente continuam sim,

Com impublicáveis desejos e sentimentos.

E sem lamentos por viverem assim.


Lola, em 11/08/20


Flávia - Acróstico

F eito coisa que só Deus nos dá,

L inda como a primavera,

A miga como poucas há,

V ivinha é assim, pessoa bela.

I nimiga do que causa dor,

A mor é o sobrenome dela.

🌹🌹🌹🌹🌹🌹🌹

Para Flavinha, minha sobrinha querida, no dia do seu aniversário, ofereço este acróstico, como singela homenagem.

Não que ele esgote o que penso sobre ela, mas certamente, pontua algumas características que a tornam a pessoa admirável que é e a quem eu muito admiro e amo.

Parabéns, Fla ❣️

Deus te cubra de bençãos.

Saúde ❣️ Saúde ❣️ Saúde ❣️

🌹🌹🌹🌹🌹🌹

Como música de Flávio Venturini

 Como música de Flávio Venturini

Eu te ouço
Te curto
Te decoro
Não demoro a me encantar, se eu te vejo
E quase morro se não te tenho aqui

Lola (10 e 11/08/14)

06/08/2020

Tempo



Quando a gente se encontrar, quem sabe um dia,
Quem sabe o que pode acontecer?
Desde um oi, mirradinho, encabulado,
A um abraço aconchegante, pode crer.
Tanto tempo, sem se ver. Oh, quanto tempo!
As vezes penso que nem sei mais como é você.
E você, ainda lembra do meu jeito,
Ou deu um jeito de me esquecer?
Tantos dias, tantas noites pensativa,
Aguardando uma notícia sequer,
Que quando chega é um regalo e eu agradeço.
Passo alguns dias embevecida de prazer.
Há de chegar o dia que eu tanto aguardo.
Espero mesmo que este dia chegue, enfim.
Pra compreender o que nem sempre é dito,
Mas que insisto do meu jeito entender.
Oh, tempo, passa e que venham outros dias
E que a alegria preencha o meu viver.

Lola, em 05/08/20.

01/08/2020

A gosto de Deus

Chegou agosto, o oitavo mês do ano.
O que foi feito dos sete que vieram antes?
O que vivi antes e depois do advento da pandemia?
Importante refletir a respeito, com vistas a prosseguir...
Quais as perspectivas para este mês que se inicia?
Espero que seja a gosto de Deus.

Lola, 01/08/20

27/07/2020

Gostinho de céu




Eu tenho certa resistência às mudanças... Mesmo assim, estou aberta a elas e aproveito as oportunidades que a vida oferece.
Hoje experimentei um dia dos avós diferente dos oito que vivenciei desde que Alice me tornou avó - uma comemoração remota.
Eles me ligaram por chamada de vídeo, pela manhã. E no início da noite, demos continuidade às conversas e brincadeiras que havíamos começado.
Adoro conversar com eles assim e vê-los brincando e se esforçando (como se fosse necessário) para nos agradar. Hoje combinei de fazer uma geleia de morango, há alguns dias prometida, em tempo real. Eles viram todas as etapas e Alice até anotou o passo a passo. A geleia está pronta, fria e acomodada em um vidro. Amanhã o vovô Rostand irá fazer a entrega.
O sabor vai além dos morangos... Transcendeu pra gostinho de céu, disfarçado em casa de vó... Com a certeza de que minhas "formiguinhas" vão adorar, caprichei na doçura.
Se prestarmos atenção, há muitas coisas na vida que não tem preço, mas cujo valor é imensurável. Mimar meus queridinhos se enquadra numa destas coisas e me faz um bem enorme.
Vivi hoje um dia dos avós diferente,  mas muito bom. Claro que sinto falta dos abraços, beijinhos e cheirinhos deles. Mas conto com o amor que vejo em seus olhinhos e na sua alegria de estar conosco.
Agradeço pelo dia de hoje e, principalmente, pela condição de avó. E desejo a todos os avós do mundo, que logo estejam juntos aos seus netos e possam desfrutar de suas amorosas companhias. Que tudo isso logo passe e continuemos a ser felizes com o que tivermos para o momento. O que temos pra hoje é a certeza de sermos avós e isso nos basta.
O meu dia dos avós foi muito feliz. Espero que o de todos também.

Lola, em 26/07/20 - Dia de Santa Ana e São Joaquim, avós de Jesus)

24/07/2020

Pássaros e sóis

Pelos pássaros e sóis, adoro Venturini!
Mas não apenas isso nele me apraz.
Vejo nascentes, rios, flores, também gente,
Na sua música suave e envolvente.
Poesia pura e muito profunda,
Surge da voz que toca minha alma
E ela, embevecida e agradecida,
Segue seu rumo, inebriada.

Lola, em 23/07/20 (pelo aniversário de Flávio Venturini)

17/07/2020

Nada além de uma ilusão

Uma taça de vinho,
Queijo, azeite, pasta de tomate, manjericão, rúcula,
Paula Toler na TV.
Sei que muito mais se pode esperar de uma sexta à noite
Mas torno a minha perfeita assim.
Pensamento caminha e chega noutros tempos.
O presente não assusta mais que o devir.
Prossigo ouvindo música, vendo séries e filmes
Mas principalmente, escrevendo sobre o desejo de viver além do palpável.
E chega a ser, tudo o que escrevo.
Torno concreto minhas abstrações.e me alegro, apesar de tudo...
E até de nada...
Nada além de uma ilusão, já diz a bela canção...


Lola, em 17/07/20. ( Curtindo a live de Paula Toler, acompanhada de vinho e devaneios)

De sol e de lua


Carne de sol ou de lua? Questiona Alice.
Se a comemos no almoço, de sol, responde ela.
Se é no jantar que ela aparece, de lua, ora essa!
"É minha carne preferida."
Ah, não me diga!
De sol, de lua, eita menina!
Nada se compara a fazer as refeições em companhia querida.
A minha, certamente, é Alice, minha netinha linda.

Lola, em janeiro de 2016, na praia. Com a inspiração de Alice.

14/07/2020

Mamãe


Mais doçura, mais paciência, mais empatia, mais jeito para lidar com a vida...
Uma pitada da sua doçura me deixaria quase um favo de mel...
De sua paciência, me tornaria zen...
Da sua empatia, uma pessoa muito justa...
Do seu jeito de lidar com as coisas da vida, alguém muito sábia...
De tudo que não sobrava em você, pois que existia na medida certa, eu queria só um pouquinho. Faria um bem enorme, e não apenas a mim, mas tornaria a vida mais interessante a todos que cruzam meus caminhos.
Perfeição só existe de forma idealizada, mas há pessoas que conseguem, a partir do seu jeito de ser, emanar a luz necessária para iluminar muitas outras. Estas deixam marcas indeléveis, e sobre elas, falaremos pro resto de nossas vidas. Vidas marcadas por estes seres especiais, que nos são enviados para que aprendamos a ser melhores. Melhores até do que as vezes nos propomos.
Pessoas especiais deixam marcas e saudades especiais. E a minha saudade me faz sorrir e chorar, mas sobretudo, me sentir em estado de graça. E este estado perdura ao ponto de me fazer, vez por outra, tentar declará-la de alguma forma. Hoje, escrevo para tentar amenizá-la, ao mesmo tempo que reverencio a sua memória.
Mamãe, você vai muito além da saudade que sinto, do reconhecimento que tenho, das palavras que escrevo. Você vive em mim em tudo o que eu sou e em minhas tentativas de ser uma pessoa melhor. Por isso, hoje, com o coração cheio de amor, inicio este dia 13 de junho recordando o de nove anos atrás. Mas não sofro, embora sinta saudades e até chore. Por que você cumpriu em mim, sua obra, e se faz presença constante. E é por isso também que continua crescendo o amor que sinto, na proporção da minha admiração, respeito e reverência a você, minha mãe querida, amável e linda. Tudo o que eu sempre quis, tive e terei eternamente.


Lola, em 13/06/20, (constatando que saudade não mata)

Do amor que a quarentena não me tira


Do amor que a quarentena não me tira, aproveito como posso. Não que me seja fácil ou tranquilo, e as vezes consegue ser. Mas porque é a única maneira que tenho para desfrutá-lo. Claro que há dias de - não posso dizer revolta, pois não é, mas de introspecção - além de um tanto quanto melancólicos. Porém, na maioria deles, consigo vivenciar o amor dos meus netinhos.
Semana passada, um evento me deixou muito feliz, embora, como tem sido nesse tempo de pandemia e de distanciamento social, um pouquinho de tristeza me rondou. Falo sobre o que Priscylla, minha filha caçula me contou: Heitor, em fase de brincar de mágico, a transformou em mim. Disse as palavras mágicas e puf... – “Você agora é vó Loló “. Entrando na brincadeira, ela, prontamente passou a me imitar, no jeito e no tom da fala, o que o deixou muito admirado, a chamar Alice e dizer muito satisfeito: “Olha Alice, é vó Loló! Fala com vó Loló...”
Certas coisas, por mais que tentemos comentar, dividir com alguém, nos deixa uma vontade imensa de eternizar. É com essa intenção que escrevo a respeito.
Hoje, numa vídeo chamada de vídeo, estivemos juntos novamente. Isso tem acontecido quase diariamente. Percebi em Heitor, a necessidade de falar comigo. Era tanto “vó Loló”... Tanto “olha isso, olha aquilo”, me mostrando as coisas que fazem parte da sua vida doméstica... Então comentei mais tarde, com Priscylla. Logo mais, ela me enviou áudios, que gravou ao perceber que ele, já no berço, pronto pra dormir, fazia de conta que falava comigo... E continuava a conversa iniciada na vídeo chamada... Pri gravou parte dessa conversa do outro lado da porta do quarto fechado.
E aí, meu coração, que fazer com essa informação? - Tentar ser racional e não me abalar emocionalmente, embora esteja morrendo de saudades de encontros presenciais? Fecho os olhos e sinto os cheirinhos deles, de Alice e Heitor... Sinto falta das recorrentes visitas, das noites passadas comigo, dos beijinhos e abraços... Sinto falta de tudo... Menos do amor...Pois o sinto presente na ausência e em nossos encontros remotos - ou devo aproveitar a experiência para justamente ratificar o sentimento que nos une, incondicionalmente?                                                       
Acho que a união das duas opções é a atitude viável. Tentar ser racional ao ponto de não sofrer por algo, uma situação que não posso mudar, pois foge do meu controle, e ao mesmo tempo, perceber que a tudo o amor consegue dar significado positivo.
Lola, em junho de 2020 - (Sentindo-se saudosa e grata, na mesma proporção.)

12/07/2020

Chocolate Quente

Deitei, no meio desta tarde de domingo, buscando um cochilo que não aconteceu.
Friozinho bom na serra da Borborema e isto apetece. Mas apetece também alguns sabores... E gulosa como sou, levantei pensando em chocolate. Ia fazer brigadeiro, ou chocolate quente, mas optei por pipoca.
Pipoquinha feita, sentei-me em frente à TV, acompanhando o êxtase de Talitta, assistindo a live do Ilê Ayê e me deparei com o chocolate. Não o desejado, mas o que me veio como bonus.
Chocolate - delicioso, desejado, belo e envolvente - o chocolate da cor da pele de cada músico, dançarina e cantor do grupo que vai além de qualquer formação de banda. Esta identidade baiana, que nasce, cresce e vive com o propósito primeiro de dizer sim à negritude brasileira. Mas, principalmente, de dizer não a tudo que a ela se contrapõe. Porque, infelizmente, tudo o que se contrapõe à negritude, não pode ser visto como apenas dissenso ou opção de diversidade. No país que praticamente nasceu a partir do trabalho negro escravizado, de pessoas que arrancadas de seus lugares de origem, passaram a ser, além de tudo, estigmatizadas, à sua cor foi relacionado muito o que há de negativo.
Me delicio degustando o chocolate quente, muito quente, posto que canta e grita - NÃO NOS MATEM.  Dança e evoca os orixás - NOS PROTEJAM. Atuam e mandam o recado - ESSE PAÍS É FEITO POR NÓS, NINGUÉM VAI MUDAR NEM CALAR NOSSA VOZ.
Hoje o meu dia segue abastecido de chocolate. E eu, que nem chocólatra sou, me sacio, bebendo na fonte da ancestralidade afro que tanto me fascina e inspira.
BA TUM TUM... E me emociono ao ponto de, além de chegar às lágrimas, recorrer à palavra escrita, essa que grita em mim todos os gritos possíveis e tem poder de reverberar.

Lola, em 12/07/20 (emocionada com a live do Ilê Ayê)

04/07/2020

Dos sons da vida


Do serrote que corta o pinho que compõe o instrumento
Também emana sons incríveis.
Vi isto nas ruas de Nova York,
Mostrado num programa cultural.
Artista de rua tocando um serrote,
Quem diria?
E o som que dele saia,
Não se confundia com os de outros instrumentos,
A não ser a voz   humana.
Ouvi uma cantora lírica através da rudeza de um serrote.
Meu encantamento foi além do som que ouvi.
Encontrou a alegria da artista, que, ao empunhar um serrote,
O fazia com o prazer que que qualquer músico sente ao segurar seu instrumento.
Entendi que não importa como nem o que nos faz tocar
E que tocar as sensibilidades é o primeiro e derradeiro motivo da existência da arte.
Bem como, refleti que o mesmo deve se dar em relação à vida,
Cuja pluralidade de sons multifacetados e repletos de nuances,
Pode nos proporcionar um concerto capaz de consertar o mundo.

Lola, em 04/07/20 ­– (Embevecida com as possibilidades sonoras)

30/06/2020

Coisa mais linda

Eu quero um poema - o meu poema.
O poema que pedi e não me chegou.
Como o beijo e o abraço esperados,
Meu poema deve estar guardado
E nem sei se a mim chegará.
Mas nada cobro,
E se um dia der na telha,
Escreve qualquer besteira,
Que eu juro, vai me agradar.
Besteira? Falei besteira?
Sim, eu falei besteira.
Pois nada é de qualquer maneira
Vindo assim, de você.
Seria bem no capricho, o meu poema, acredito.
Então, continuo e  insisto.
A espera bem valeria
E agradecida eu seria, por ler a
coisa mais linda,
O poema escrito por você.

Lola, em 25/06/20

29/06/2020

Uma aventura sem fim

Hoje é dia de São Pedro. Acordei pensando em como desfrutamos a noite da véspera, comumente comemorada com muita alegria, fogueira, comidas típicas, fogos e, geralmente, outros sentimentos que transcendem a alegria do momento.
Curtimos como pudemos a noite passada, com a visita breve mas muito significativa e feliz, dos netinhos, da filha caçula, do genro querido. Foi uma noite de São Pedro meio diferente mas com seu próprio encanto.
Hoje, muito cedo despertei. E não só do sono. Preparei meu café e vim pra frente da TV, buscar a série que tem me enfeitiçado - a "Coisa mais linda" de se ver!
Com tantas cenas impactantes, outras nem tanto, mas que me impactam mesmo assim,  com diálogos magníficos, cujas frases de efeito, por mais que eu não as decore, ficarão impregnadas em mim, ou até mesmo, quem sabe, já estejam, visto que me remetem a um tempo onde eu redescobri minha afinidade com a temática das "relações de gênero", ao ser apresentada formalmente a ela, lá na graduação em Ciências Sociais,  quando professores como @CristinaMarin e @DurvalMuniz, marcaram minha trajetória acadêmica.
Hoje, nesta data simbolicamente importante e repleta de reminiscências, lembro da minha vida, da infância até o lugar e momento em que ora me encontro. Sinto prazeres vários, que me despertam pra o lado bom da vida. E são tantos... Não dá pra colocá-los assim, no singular.
Este momento histórico que vivencio, com tantos problemas no âmbito coletivo e que, claro, afeta o particular, me presenteia também com momentos muito ricos. Tento aproveitá-los na medida do possível. E tal medida sempre pode ser alterada, pra mais e pra menos. Vou driblando os prós e os contras até chegar na alegria necessária à minha sobrevivência. Até "escapar" do caos e construir caminhos possíveis, dentro da mesma lógica que construí memórias que hoje me dão suporte.
A vida é "uma aventura sem fim"... Eis uma frase de efeito, destacada da série em foco. Sob pena de esquecê-la, guardo-a como título desta crônica. As demais, guardarei como tantas outras, que me fazem, vez por outra, voltar às descobertas da graduação, da participação no PIBIC, do mine curso sobre história do cotidiano, do mestrado em Sociologia... Ficarão impregnadas no etos, no meu jeito de ser e estar nesse mundo, que é social, cultural, histórico. E é, sobretudo, lindo, mesmo que as vezes eu chegue a duvidar.
Quando pensei em escrever, a inspiração vinha das mulheres da série, com as quais me identifico em alguns aspectos. E ia justamente transitar entre as similaridades, tentando entender em qual delas eu me vejo mais. Terminei sem destacar nada disso e inveredei por outros caminhos... Pode ser que eu prossiga  a escrita deste texto... Ou quem sabe, escreva outra crônica a respeito...

Lola em 29/06/20 (sentindo além do que escrevo, posto que é impossível cristalizar nas palavras todo o sentimento. Quem sabe, nas entrelinhas...)

São João tá diferente

"São João tá diferente, tá melhor..." Cantarolo, enquanto reflito e questiono: Será mesmo que está melhor? Diferente, sabemos muito bem que está. Daí a achar melhor, vai do entendimento de cada um, e claro, a percepção individual é marcada sobremaneira pelo social.
Como paraibana e campinense, tenho me emocionado muito com as manifestações juninas possíveis. Em tempo de pandemia e distanciamento social, consigo enxergar um sentimento de pertencimento nada distante. A ancestralidade, o costumeiro, o cultural, têm sido fortes apelos e muito têm me tocado.
Não temos tido as fogueiras, os fogos de artifício, mas temos lives. E entre elas, a do @saojoaodecampinagrande  @saojoaodecampinagrande2020 e a de @gilbertogil , em pleno aniversário dele, me tocaram sobremaneira. Chorei e vi meu pai, no pai que é "Seu Gilberto"- carinhoso, atencioso, babão das crias.
Me emociono demais ao ver algumas lives de artistas renomados e tenho tido oportunidade de conhecer outros, apartir dos acessos via internet.
Foi o que aconteceu em relação a @yassirchediak , que venho acompanhando em lives diárias. Bem como com @fabioperonbandolim , que me foi apresentado justamente numa das lives de Yassir. São artistas que merecem, e muito, esta definição; Artista - "Aquele que tem habilidade ou vocação artística".
O segundo citado, Fábio Peron, vem me seduzindo, no sentido amplo da palavra, e me faz querer sempre conhecer um pouco mais de seu fazer artístico. Quando penso que não mais me surpreenderá, visto que já me admira o seu talento e carisma, a capacidade de conversar com os internautas enquanto toca, em atender pedidos de músicas para tocar, de reservar a sexta feira para o que ele e seus seguidores chamam de "Buteco do Peron", ele me veio com algo espetacularmente maravilhoso, nesta sexta feira 26/06/20 - a improvisação de uma composição, que ganhou um nome sugestivo, a partir de uma geleia de pimenta que fiz, enquanto assistia sua live, e ofereci.
Com "um olho no peixe e outro no gato", minha geleia de pimenta passou do ponto, mas, além de ser aproveitada, já que não costumo descartar nada, mas aproveitar o máximo que posso de cada coisa, seja ela como for, o que resultou, além do doce picante, foi aquilo que passou a ser eternizado na poesia tocada pelo jovem bandolinista.
Deliciosa! Este é o meu parecer sobre a live, a música e, por que não dizer, sobre a geleia de pimenta.
Aguardo ansiosamente pela próxima edição do buteco, onde é servido, além de música boa, aconchego, por parte de todos envolvidos, entre os quais destaco os pais do menino Peron, @peron.italo e @verahelenacury , @elmedeiros13 , @marihambrosio , @ViArrais , entre tantos, que não dá para citar.
Sexta feira tem mais buteco, o que significa que, a emoção sobre a qual falei lá no início da crônica, estará garantida.
Momentos envolvidos em arte nos elevam o espírito e transcendem em relação ao motivo primeiro de sua existência. Terminam se transformando em portais para um outro plano. Ou outros. São impregnados de possibilidades. E isso, pra mim, revela uma riqueza imensurável. Viajo da culinária à literatura, às séries de TV, às conversas virtuais com amigos, aos encontros e reencontros familiares diários, e assim vou me reconstruindo, tendo como plano de fundo o caos em que vive o meu país, dentro de um cenário mundial também caótico e triste, mas que, como tudo nesta vida linda, que Deus nos presenteou, passível de transformação.
E é o sentido filosófico que imprimo em tudo o que vivencio que me faz acreditar que tudo isso vai passar... E que o novo que está sendo construído pode vir a ser melhor.

Lola, em 27/06/20, (envolvidíssima com tudo o que se refere ao tempo de quarentena e emocionada com esse São João diferente, mas não melhor.)

02/06/2020

Envelhecer?

Sempre ouvi dizer que envelhecer é ficar velho, usado, desgastado, próximo do fim. Preferi pensar que o fim, nem sempre chega com a "velhice". Se chega ao fim quando se desiste de viver, seja literalmente, seja simbolicamente. Bem como, pode-se chegar ao fim ainda jovem. Temos notícias de muitos jovens e crianças que já se foram dessa vida.
Pensando assim, passei a refletir sobre meu próprio envelhecimento próxima aos 40 anos. Hoje, aos 55, me percebo dentro de um processo de envelhecimento, mas longe ainda, de ser velha, propriamente dita, de acordo com a visão da sociedade.
Há 13 mêses, me submeti a uma cirurgia bariátrica, que me ajudou   a perder mais de 40kg, o que me permite perceber que hoje minha aparência está mais jovial que há 10 anos.
E então, como considerar apenas o passar do tempo como propciador de deterioração do corpo, que nos faz sermos vistos como velhos, se existem outros fatores que provocam tal deterioração, aparência ou mobilidade limitada?
Bem, não vou aprofundar essa reflexão, apenas expor minha impressão que não apenas a idade nos envelhece. Circunstâncias de doença, acontecimentos, sofrimento, também nos tornam mais velhos, embora a idade seja realmente o referencial social.
Como me sinto aos 55 anos? Como alguém que viveu bem até aqui e que deseja continuar vivendo bem. A noção de viver bem tem mudado um pouco e isso me faz alterar meus planos, aqui, acolá. Porém, o gosto pela vida, me inspira a querer mais e mais.
Vou seguindo, dentro da minha lógica de viver bem, "não desejando mal a quase ninguém", como diz Lulu Santos. Pois entendo que as relações que estabelecemos favorecem ou não, ao nosso bem estar. E buscando me conhecer cada vez mais, tendo assim, uma base para conhecer as pessoas com quem me relaciono.
Aposto no amor, como sempre fiz, para tornar os dias agradáveis. Embora entenda que, nem sempre o amor é reconhecido se não for romanceado. E o que tenho feito é justamente aceitar que, não é necessário a um sentimento tão nobre o véu do romance.
Envelhecer, pra mim, é processo de auto conhecimento, que ajuda no conhecimento sobre o mundo em que vivo e que pretendo melhorar. E pra isso, é necessário arriscar alguma coisa. E isso depende do momento.
Então ouso, às vezes, arriscar. E faço isto na espectativa de não estagnar, pois se o fizesse, aí sim, me sentiria envelhecida.
Viver é bom e eu curto muito.
Gostei de viver a infância, a adolescência, a juventude... Agora, busco me preparar pra viver a " velhice"... Espero que a alegria de viver, que me acompanha desde sempre, não me decepcione. Sei que muito depende de mim, como em qualquer relação. É isso - pra mim, o envelhecimento é relacional. Então, no que tange à minha participação na relação com o envelhecer, posso dizer que me sinto aberta. Acredito que isso facilita muito as coisas.
Avante!

Maria do Rosário Nascimento Araujo

27/05/2020

Pontos e pespontos (sobre o dia da costureira)

Dia 25/05 foi "comemorado" o dia da costureira.
Hoje, não por acaso, assim espero, o canal Max apresentou o filme Revolução em Dagenham, que tem como enfoque a luta das costureiras da Ford Motors, no Reino Unido, do final dos anos 60 ao início dos anos 70.
Quando pensamos em costuras, chegamos a visualizar cenas de avós costurando para seus netos, tentando, ao tempo que se ocupam com algo prazeroso, presentear mimos, nem sempre bem acolhidos ou quando muito, que serão passados de geração a geração, como algo longínquo, um fazer remoto.
Dificilmente, conseguimos vislumbrar o trabalho de costureiras com teor mais concistente. E olha que eu percebo concistência inerente ao exemplo citado, das costuras das vovós. Sou uma delas - adoro costurar para meus netinhos. E como percebo! Pra mim, a linha tênue que separa o que realmente importa nesta vida e o que não deve ser tão valorizado, passa pelo encantamento que permeia as ações revestidas de sentimentos. Aquelas que não se dão de forma automática, mas ao contrário, são tecidas com suor, lagrima, sorriso.
Ao assistir o filme Revolução em Dagenham, lembrei de conversa recente, com um amigo, sobre costuras, na qual a lembrança da minha infância, lugar dos meus primeiros pontos, me aproximou ainda mais da imagem que tenho da minha mãe, com quem aprendi a costurar desde tenra idade.
Hoje assistindo ao filme, além de tudo que já sei e sinto sobre o fazer das costuras, me fortaleceu a idéia de que nenhuma atividade é menor que outra. Que todas, indistintamente, compõem o cenário do mundo do trabalho, que deveria seguir a máxima do dignificar o "homem".
Volto sempre à primeira peça que costurei. E com sorriso no rosto, lembro de como as estratégias contam em tudo o que podemos realizar. Da sobra de uma flanela branca, que papai comprou para mamãe coar café, (até hoje o café lá de casa é coado em flanela), fiz uma mini saia, lá no início dos anos 70, ornando-a com um pompom, que minha irmã , minha Maria número 3, me ensinou a fazer. Tempo em que, a partir da luta das costureiras da Ford de Dagenham, os salários das funcionárias tiveram equiparação salarial com o dos trabalhadores homens.
Costurar, para mim, sempre foi uma forma de expressão. Hoje reitero esta visão a respeito de uma atividade tão importante para a vida social, mas só valorizada quando relacionada ao meio da moda e das grandes empresas.
Como tudo na vida, o fazer da costura ganha e perde privilégio de status a partir de interesses. Devemos expor os nossos, para que não apenas sobressaiam os espúrios, os mal intensionados.
O filme citado mostra a luta de mulheres trabalhadoras no final da década de sessenta e início da de setenta, como já coloquei, mas muito antes disso, mulheres já lutavam em outras frentes. Desde que o mundo é mundo, mulheres trabalham, embora tenham tido seus trabalhos invisibilizados. E desde sempre tiveram suas demandas. Muitos, senão a maioria, dos avanços relacionados ao mundo do trabalho, são frutos da luta feminista. A mulher, em muitas culturas, consegue ampliar suas áreas de atuação pela noção estratégica de sobrevivência, se tornando capaz de implementar a multiplicidade e pluralidade de ser.
Com a minha mãe, aprendi da singeleza da vida que é ela que a faz bonita. E gosto da beleza da vida. Com meus pontos, pespontos, alinhavos, tento deixá-la um pouco mais amena e consigo. Por isso encontro com facilidade o sorriso. Mesmo em tempos que insistem em incobri-lo.

Lola (27/05/20)

29/04/2020

Ensejo

Romance sem mel,
Sexo sem pimenta,
Amor sem amizade,
Quem é que aguenta?
Eu gosto de tudo,
De tudo mesmo.
Por isso não vivo sem desejo.
Então se é isso
Que me propões,
Vou aproveitar,
Tirar uma casquinha
E curtir o que vejo.
Viver de alegria,
Te matar de beijos,
Enfim, ver o que dá
Do meu querer gostar.
E me deliciar
De todo ensejo.

Lola (21/04/20)


23/04/2020

Quarentena

Tenho pensado muito nos últimos Dias... Pode até parecer que seja efeito do tempo sobrando. Mas não... Não tenho tido tempo de sobra, pois me ocupo grande parte do dia. Cozinho, limpo a casa, escuto músicas, vejo filmes, converso on-line, rezo... Mas não deixo de pensar...
Penso na vida, na morte, no devir... Penso demais, principalmente, na pandemia que nos assola.
Dentre as coisas que vêm ao meu pensamento, está minha predisposição à oração, tão comentada por mim. Costumo dizer que a oração é o meu principal dom, mas tenho passado por momentos em que ela não me chega facilmente, como sempre a percebi.
Penso no ano passado, que considerei maravilhoso e cheio de oportunidades de reconstrução da minha vida. Penso no início deste ano, que considerei tão complicado, visto que acontecimentos me levaram à reflexão  sobre mim mesma e como isto tem afetado meu modo de me enxergar, que eu tinha como tão sólido, embora multifacetado e mutável.
O terceiro mês do ano, quando o mundo se deparou com uma pandemia e nos fez, a todos, entrar em quarentena, já me encontrou fragilizada e insegura. E isto só tem crescido nestes dias, embora eu busque alternativas de superação.
Dentre as alternativas, a introspecção, a busca de entendimento dos desígnios de Deus. A pergunta que faço constantemente: O que Deus espera de mim, neste momento que imagino, seja de transição? E mais: O que eu espero de mim? Quem sou realmente?
Percebo que este ano tem me mostrado alguns aspectos de mim que eu, ou desconhecia, ou escondia de mim mesma. E é nisso que reside meu conflito - a descoberta de uma faceta meio que desconhecida e não tão agradável. É meio decepcionante isto... Penso assim... 
Porém, apesar de , "nem tudo ser flores", nem tudo também é deserto. Há beleza em meio ao caos, e esta, pra mim, vem se mostrando no aprendizado pessoal. A intimidade com Deus, tem me feito recuperar a impressão a meu respeito, através de diálogos que só eu consigo entender. As respostas me vêm como luz clareando meus dias. E volto a respeitar meu jeito de ser, a reconhecer alguns motivos que me levaram a agir de certas maneiras e a entender que, embora não seja perfeita, tenho facilidade em captar as lições que a vida me impõe e aproveitá-las em prol da minha evolução como pessoa.

Lola (meio perdida quanto ao início da escrita, supondo que o término se deu em 30/06/20)


21/04/2020

7 mêses

7 mêses separam uma foto da outra. Além do impacto da imagem, considero o que não é aparente. As pernas cruzadas revelam que a artrose nos joelhos, a artrite, os problemas circulatórios, estão sendo sanados, o que me proporciona num ato tão simples de sentar descontraídamente, perceber que estou num processo de reconstrução de mim mesma. Louvado seja Deus por isto.🙏

Descabelada

Eu acordo assim, descabelada.
De maquiagem,meu rosto não tem nada,
A não ser, um restinho do batom,
Que por ser matizado sempre fica.
Não me acho assim, muito bonita,
Mas me amo e me respeito, imensamente.
Não é por estar desalinhada,
Que a mim, o meu semblante não agrada.
Vejo além das aparências e aprecio.
Eis o porquê deste meu desafio
De postar uma foto desarrumada.

Lola (09/03/20 - amanhecendo refletindo sobre o peso da beleza sobre as mulheres)

20/04/2020

Você

Preciso de poesia nos meus dias.
É ela quem me faz acreditar
Em cada palavra que escrevo e que sonho
E que nem existiriam sem você.
Ah, do que me importa se caio, as vezes, na real
E vejo a vida, o dia a dia tão banal?
O que importa é vislumbrar o vir a ser
E de quando em vez,
aproveitar a insanidade
Que me domina quando penso em lhe querer.
E que transforma simples gota em tempestade
E me afaga a alma ao perceber
Que tudo me conduz ate você.
E que a distância diminui ao escrever.

Lola ( 03/04/20)

Prazer fotografado (Para Talitta e André)

Prazer fotografado - Algo raro, mas existe.
E eles insistem no afeto que, de fato, os torna unos.
Seja na dor ou alegria, seja noite ou dia seja,
Sempre há lugar pra essa beleza que chamamos alegria.
De estar junto, caminhar,
De ir a qualquer lugar, sempre para se encontrar,
Pois o bom da vida é estar junto.
De quem se ama, de é
De oração, comemoração.
De toda energia boa que só se emana para pessoas
Que compartilham sorrisos,
Que se sentem vivos,
Que são mais que amigos.
Sim. São mais que amigos.

Lola (01/09/19)

Da sedução

Tenho me revisitado e me seduzido pelo encontro comigo mesma.
Não me preocupa saber sobre os olhares que a mim chegam, vindo de fora.
É dentro de mim e a partir do meu ponto de vista que me analiso.
E é bonito o que encontro, já que não exijo tanto de mim.
Me aceito assim, como sou. Me amo e supro de bem querer em todas as fases que percorro.
Não preciso de socorro pra me aceitar como estou.
Mas se não me satisfaço com tudo, busco melhorar.
Assim se deu a opção pela bariátrica, tendo nela um suporte de "responsa" pra implementar mudanças necessárias.
Mas o amor por mim mesma, a auto estima, o cuidado, sempre estiveram comigo.
Talvez por isto mesmo, cheguei a fazer escolhas que responderam a cada momento do processo.
Nada tem se dado por acaso ou descontroladamente,
Tudo vem acompanhando coerentemente o meu estado emocional, que reflete tanto quanto é refletido na minha realidade atual.
Sem essa de "se eu soubesse teria feito antes"... Sem aquela de "voltei a me amar"... Foi o amor que sinto por mim mesma que me fez caminhar até aqui... Ainda chegarei ali, acolá, alhures...
Deus e meu anjo da guarda sempre me acompanham nessa jornada chamada vida.
Por isso ela é tão linda e querida... É minha vida, minha história, meu corpo, minha mente, minha alma.
E minha aura é iluminada de tudo que ainda desejo e que, como um beijo, não usurparei de ninguém. Conquistarei, como fiz até agora,  tudo o que me compõe e me faz ser Lola,  Maria, Rosário.
Sou um bocado de experiências e vivências. Sou o que sou e os meus contrários.
Na dialética da vida, estou feliz e decidida.
Lola (01/09/19)

Eu vou / Eu fui

Eu vou

Estou pronta. Vou ao encontro dos Nascimento. Momento de confraternização de uma grande família, que tem em comum a descendência de vovô - João Domingos.
Enquanto me maquiava, na tentativa de me por bonita para os meus, refletia sobre o que mais nos identifica. Será a aparência? O jeito de ser? O sangue que corre em nossas veias? Apesar de considerar todas as possibilidades, creio que, pelo menos neste momento, o que mais nos aproxima é está vontade de ir. Ir à casa de Lucinha, que gentilmente abre as portas para nos acolher.
Acolhimento, sentimento de aceitação, de pertença. É isto que nos unifica hoje - o desejo de ir. E eu vou. Você vai?
A esta pergunta, responderão sim os que terão as condições objetivas de se fazerem presentes. Aos demais, certamente não faltou o desejo, a vontade de ir, e com pesar justificarão suas ausências.
Muito importante, ao meu ver, é entender que o sangue, per si, não justifica nada, apesar de ser um importante aspecto. Digo isto ratificando o desejo de encontrar Boba por lá e de sentir, entre tantas ausências lindas, as de tia Hozana, Zeneida e tia Elvira -  queridas tias. Não mais e não menos do que as consaguinias, tanto quanto.
Mamãe, tia Deta, tia Céu, tia Neves, tio Neco, tio Joca, Sandra, Graça, Carlinhos, Conceição - presentes! Sempre presentes em nossos corações e em nossas vidas. Em tudo o que somos. E assim será eternamente... Os que irão, ficarão nos que ficarem... Assim, perpetuaremos a família Nascimento. Assim seja... Amém!

Lola ( me preparando para ir ao encontro dos Nascimento)

Eu fui

Foi maravilhoso o nosso encontro. Parte dos Nascimento esteve junto ontem, na casa da prima Lucinha, filha de tia Detinha, imã de mamãe.
Ratificamos a beleza do encontro e pudermos ser um em muitos. A unidade na diversidade fez a festa. Não teve lados opostos, partidos, times de futebol, que nos tirasse o foco de sermos apenas Nascimento, nesta tarde e noite de sexta feira, 15 de novembro de 2019.
Eu fui e sinto pelos que não foram.
A FAMÍLIA É TUDO! \o/

Bolo de aniversário

O dia 30 de novembro sempre foi de festa em família - aniversário de mamãe. Quantos deles  festejamos juntos... Como sempre foram alegres dias...
Desde que comecei a  namorar Rostand, em 1981, passei a comemorar esta data duplamente.  Hoje tem festa no céu e aqui festejamos a vida de Rostand. O bolo foi feito por encomenda, por dois anjinhos que Deus nos enviou, para que nunca deixemos de comemorar esta data e agradecer a Ele a dádiva da vida.
Muito a agradecer, nada a reclamar. A saudade, ao mesmo tempo que machuca, nos serve de alento, pois só o que é muito bom deixa saudade.
Parabéns para mamãe!
Parabéns para Rostand!
Viva a vida!
Louvado seja Deus! 

Detalhes de uma fotografia

Na mesa, Heitor e a menininha se entre olham (é crush).
Atrás, as irmãs comungam do momento especial e revelam mais do que a imagem.
É dia de celebrar a vida de Talitta
E Alice curte tudo e mais um pouco
- o click eterniza o momento do jogo.
Fecha-se a lente e o que se sente,
É que o momento foi vivido.
E foi lindo comemorar mais um ano vivido.
E que outros venham cheios da alegria
Que se irradia na gratidão sentida.
A Deus, nosso Senhor, toda glória e honra.

Lola (vivenciando o aniversário de Talitta)

Saber de si

Saber de si - O melhor conhecimento que existe.
Quem consegue entender quem é, prescinde da observação alheia.
E mesmo que olhares vis e caras feias
Enxerguem apenas o que desejam perante a sua imagem,
Distante estarão da sua verdade - a essência só tocada apenas por você.
E é nela que deve haver investimentos que contribuam com seu crescimento.
De resto, o que importa é mesmo você.
Olhares vis, caras feias, passarão... Olhar de desprezo,  passará...
Você sempre estará lá.
Pronta para abraçar os seus anseios e descartar os alheios...
Sendo alheia a tudo, menos a você.
Lola (30/01/20 - refletindo sobre mim)

17/04/2020

Primeiro aniversário

Geralmente quando se completa um ano de cirurgia bariátrica, as pessoas festejam, se alegram e se orgulham do peso que perderam. Eu prefiro computar o que ganhei neste ano.
Ganhei saúde, pressão arterial 11 X 7, tachas sanguinias normalizadas, 0 gordura no fígado, diminuição em mais de 90% das dores crônicas, noites bem dormidas, condições para me exercitar, mobilidade, auto estima.
Posso dizer que ganhei, na verdade, uma vida nova. E é ela que celebro neste dia 08 de abril de 2020.
Perdi 41 kg e ganhei uma infinidade de presentes. Agradeço a Deus por tamanha bondade comigo. E agradeço também a quem faz parte dessa história de superação e de transformação positiva - @Dr.EduardoPachú,  @AnaPaulanutrição, @DanilloAlves, @ElainePachú @Icoep.
A vida é pra ser vivida por inteiro e "cada um sabe a dor e as delícias de ser o que é". E é capaz de buscar o caminho certo a trilhar para alcançar suas metas.
Salve o dia 08/04/20!  

Da pausa necessária

Há quem pense que não se dá pausa em filme que se está aprovando. Nem a livro. Eu discordo. Compulsiva como sou - minha terapeuta diz que não sou - me diagnosticou como ansiosa - muitas vezes devoro o alimento da vez, seja comida, propriamente dita, livro, filme e até playlist. Outras vezes, porém, guardo um pouquinho, pra me deliciar num segundo momento e assim realmente degustar e não engolir sem sentir o gosto devido.
Acaba de acontecer algo do tipo. Com mais de dois terços assistidos do filme Uma Beleza Fantástica, pausei e vou iniciar meus afazeres do dia.
 Equanto tomei o café matinal, comecei a assistir. Percebendo o desenrolar encantador, dei um tempo, na tentativa de prolongar o prazer.
 A mesma coisa fiz com este texto.  Três dias se passaram, desde o início da escrita, até eu voltar a escrever, embora tenha dado continuidade ao pensar a respeito, neste interin...
 Nada é concluído, findo... Mesmo agora, quando me volto mais uma vez ao texto, não tenho pretensões de esgotar suas possibilidades. Nem acredito nisto.
Nestes tempos de pandemia do Covid19, quando precisamos nos enclausurar, curto o estar em casa,  as pessoas que estão comigo, sinto falta das que não estão, as busco virtualmente, cozinho, costuro, cuido da casa, das plantas, vivo... E vivo também a preocupação do porvir... Tento, a partir da fé, não esmorecer e vislumbrar novos tempos. Afinal, estamos vivendo um tempo catártico. E a catarse é individual e coletiva, o que não deixa de ser ser um alento.
 Alento - é isto que busco ao escrever... É este o motivo deste texto existir. Assim mesmo - pausado, pensado, repensado.
Quem sabe continuarei a escrevê-lo outro dia...

Lola (14 a 17/04/2020)

08/04/2020

Meu Anjo

Sonhei com um anjo
De cachos loiros, alva aura.
De auréola translúcida semblante pleno.
Seria perfeito o anjo dos meus sonhos,
Não fosse a ausência de asas.
Asas tenho eu, que vôo alto enquanto durmo.
Velada pelo encejo de reencontrar meu anjo.
É sempre um reencontro prazeroso...
Fico a espera de sonhar de novo...

Lola (08/04/20)

31/03/2020

Verde mar

Não me olhe com esse olhar verde mar.
Não me traia com um olhar que me faz cair
Em tentações, devaneios,com receio.
Não se entregue ao ponto de me fazer acreditar.
Põe óculos escuros, peço por favor.
Deixa o amor que ainda dorme continuar a sonhar.
Mas não me olhe assim... Já que nem posso me apaixonar...
Como poderia, se nunca deixei de estar
Envolvida com esse olhar que me fita e me faz mais bonita?
Fecho os olhos e vejo o verde do teu mar.

Lola - 29/03/20 (em meio ao caos da quarentena)

08 de março

Hoje é nosso dia,
Tanto quanto  foi ontem e  será amanhã.
Porque somos seres humanos, pessoas, gente...
Da melhor qualidade... Ou não...
Mas o dia de hoje tem uma atmosfera especial,
Faz referência a lutas históricas, a conquistas.
Nada nos foi ofertado de bandeija,
Construímos o que somos hoje
E continuamos na luta, a elaborar o que virá.
Pelo que fomos, pelo que somos e pelo que poderemos vir a ser,

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