"Ando devagar porque já tive pressa..."

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"Ando devagar porque já tive pressa..."

30/10/2009

Das pessoas que marcaram a minha infância

Há pessoas que rondam nossas vidas a vida inteira
E a nossa vida é lembrar dessas pessoas com insistência

Há quem nem chegue a saber que sempre foi
Alguém que marcou a vida de outro alguém, fez diferença

Dessas pessoas que passaram em minha vida
E que ficaram impregnadas nas lembranças

Tem algumas que fizeram a minha infância
Um tanto quanto importante para mim

Tia Cinta, belas pernas e finess
Me despertava o gosto pelo francês
E a Fábula de La Fontaine não esquecer

Quando guria convivi pouco, mas deu
Pra marcar presença as visitas de Mozart

Que primo lindo, na aparência e no falar
Sempre apreciei seus jeitos, seus modos

E suas histórias ouvia com atenção
Da ditadura à Inglaterra e enfim Bahia
Onde todos os santos lhe ungiram

Não muito raro eu me lembro dos domingos
Em que ao acordar já ouvia anunciar

A chegada de seu Antonio, velho amigo
Que meu pai sempre recebia com prazer
Para prosear até não mais querer

Aquele sorriso era pura simpatia
Que na fase adulta desejei tanto rever (quem sabe, um dia)

Outras figuras marcaram suas presenças
Na minha história, e as guardo com alegria

Não esqueço nunca como Laete, homem tão sério
Me atendia sempre tão atencioso

E em respeito ao sobrenome que eu tenho
Satisfazia, sem ao menos questionar
Os pedidos a ele encaminhados

É com carinho que guardo entre minhas memórias
Atores coadjuvantes que se tornaram

Realçados por um feito, um jeito, um trato
E penso neles sempre com muito agrado
Me alegrando sempre que neles eu falo

É assim com D. Elianete, que me tinha
Como amiga mais chegada de “Carlinha”
Quase uma tia era pra mim, muito querida

D. Helena, com suas tranças e brincadeiras
Me atraia o olhar para a poesia

Sem se dar conta do que estava fazendo:
Se registrando em minha biografia

Fui promovida à “querubina” de Ivanildo
Junto a Lulu era uma das suas preferidas

São coisas que marcaram muito a minha vida
E delas nunca haverei de esquecer

Pessoas que se chegaram e nunca foram
Se achegaram e se entranharam dentro de mim

E foi assim também com “Jamir”
Aderbal, que se empenhava em ajudar

Nas festinhas juninas que fazíamos
E se alegrava quando tudo dava certo
Foi por isso que foi bom tê-lo por perto

Walfredo foi visita bem marcante
Tão sorridente, educado e tão falante

Quando o encontro até hoje me recordo
E ele nem sabe o que significa para mim

Mas é assim mesmo e é bom que seja assim
Porque certas coisas são importantes para mim

Estas pessoas apenas eram o que elas eram
Sem a mínima intenção de me atingir

E é assim que a vida traça suas linhas
E vai aos poucos se desenhando “sozinha”

Tendo como plano de fundo muitas vezes
Algumas cenas da minha vida singela
E é por isso que acredito que ela é bela.

(outubro 2009)

16/10/2009

5 Minutos

Era assim que chamávamos por alcunha aquela criança linda, fofinha, sorridente e bastante pesada – não conseguíamos segurá-la no colo por mais que 5 minutos, mesmo que assim desejássemos.
A criança cresceu (nem tanto), mas apareceu. E com seu carisma forjou sua capacidade para se dar bem na vida - se dar bem no sentido filosófico de ser feliz. E no início da juventude já experimentava o sucesso: faculdade, trabalho... Tudo caminhava de forma acertada, mas o desejo do verdadeiro amor o acompanhava. Foi assim que encontrou na pessoa de Marina seu acalanto.
E assim o rapaz, “gente fina”- agora homem feito - concretiza com o ritual simbólico do casamento, a união que já vem sendo construída com amor, cordialidade e alegria, sua marca registrada.
Casa Ramon e Zezé ganha Marina, mais um exemplar feminino desta família que já é grande no tamanho, mas infinita em suas potencialidades relacionadas a cada individualidade que a compõe.
O dia 11 de outubro passa a ser um marco nesta nova fase.
Daqui a pouco outras virão e o nascimento dos herdeiros iniciará mais um ciclo.
Quem sabe o porvir nos presenteará com outro bebê lindinho, fofinho e sorridente que nos fará lembrar o mote: “5 minutos”.

Lola , em 11/10/09

Pilares

Entre os pilares do Palácio procurei
De onde vinha a luz que iluminava

O salão que em frenesi dançava
Que te ocultava e eu não via a tua face

Busquei além, pedi aos céus esperança
E entre os pilares voltei a te procurar

Não estavas lá e eu triste, cabisbaixa.
Então parei para aproveitar a festa

Foi então que me dei conta que és pilar
E escondido entre eles não estarias

Posto que és daqueles a viga mestra
O sustentáculo, a base, tu és a égide

Agradeci a Deus então com uma prece
E resolvi que o teu lugar é entre nós

Quando estivermos todos juntos e em uma só voz
Reconhecermos a graça de sermos teus

Filhos, esposa, netos, genros e amigos
Assim teremos sempre como sustentáculo

Não um pilar, mas um ombro generoso (quase um abraço)
E a festa continuou, foi tão gostoso!

Outubro 2009

Sapatinhos Vermelhos


Na infância desejei todos os sapatos
E os vestidos que as minhas amigas tinham

Meus sapatos brancos de natal nem sempre
Eram aquilo que eu mais queria

Quando o ano transcorria e então eu via
As meninas com sapatinhos vermelhos

Os olhava sempre com desejo
De que eles fossem, na verdade, meus

Depois cresci e aprendi que a vida
Nem sempre nos oferece o que queremos

Mas que muito mais que sapatinhos de cores
Vale uma vida branca de sossego

De quem teve a chance de ser filho por inteiro
De pai e mãe tão bons e verdadeiros

No seu sentir e agir, e então querer
Crescer ainda mais e imitar os pais

E aos seus filhos dar, nem sempre o que pedirem
Mas o que realmente precisarem ter

Educação de boa qualidade
Propiciar-lhes além de ler, escrever

As suas vidas da melhor forma possível
Assim então, colorir os seus dias

Com tintas que não se encontram em nenhum sapato
E muito menos em vestidinhos bordados

Outubro 2009

01/10/2009

Carta para o Programa em Frente

Karl Marx afirmou que “a religião é o ópio do povo”. O senso comum brinca, dizendo ser ela “o pio do povo”, como dizia o meu professor de teoria do conhecimento, o professor Biu. Se considerarmos a analogia do pio, com o direito à fala, haveremos de considerar assertiva o dizer popular.
Dentro da perspectiva de dar ao povo um direito que é seu por “natureza”, percebo que o Programa Em Frente, veiculado pela TV Aparecida às quintas feiras à noite e reprisado as segundas,como sendo um espaço que, voltado à religião , a coloca em prática da maneira mais democrática possível, ouvindo as pessoas que a ele recorrem por diversos meios: telefone, carta e e-mail.
Fico muito feliz e esperançosa ao ver três pessoas altamente qualificadas discutirem junto aos expectadores, assuntos tão variados.
Os temas da quinta feira 13/08/09 - casamento, separação, sexualidade foram discutidos em alto nível, incluindo aí, a simplicidade com que os apresentadores os trataram, como é de praxe.
“Conheci” Padre Pedro, ou melhor dizendo, o programa, em janeiro, quando estive de férias em João Pessoa e lá tive acesso à TV Aparecida. Foi minha irmã Fáti que sugeriu a programação que ela já conhecia muito bem, tecendo elogios e se dizendo fã do trio Rodolfo, Denise e Pe. Pedro.Se disse encantada com a maneira dos três falarem sobre temas cotidianos com tanta profundidade e ao mesmo tempo com uma linguagem tão acessível, que realmente chega ao expectador, seja ele quem for.
Desde então fiquei tentando assistir, quando dispunha de tempo, (trabalho à noite), aqui em Campina Grande, minha cidade, mas na maioria das vezes sem êxito, porque a TV Aparecida nem sempre pegava na minha casa.
Ultimamente venho sendo contemplada com uma melhora na imagem e se estou em casa no horário do programa assisto com muito gosto, embora nunca tenha conseguido assistir do início ao fim, por não conciliar o horário com o das minhas aulas. Quase chego a aplaudir quando me entusiasmo com o debate. Embora não chegue a aplaudir de fato, meu aplauso simbólico é bem real e eu gostaria de compartilhar a minha satisfação com vocês, queridos apresentadores e com seus muitos fãs espalhados Brasil afora.
Peço a Deus que continue a iluminá-los para que possam realizar este trabalho que traz à luz e a esperança de dias melhores a tanta gente. Principalmente no sentido de relacionar religiosidade à vida prática, numa demonstração de que, a religião pode ser bem mais que “o pio do povo”; pode ser alavanca para sua redenção, desde que praticada a serviço do crescimento pessoal e coletivo, humanizando cada vez mais as relações entre os homens.
É neste tipo de religiosidade que acredito. Religião como prática política. Não no sentido de política institucional, partidária, mas política como inerente à condição humana, como diriam os teóricos da ciência política.
Costumo dizer que, apesar de não ser muito de freqüentar igreja, mesmo tendo estudado boa parte da minha vida em colégio de freiras, as Lourdinas, tenho muita fé em Deus, e tento compartilhá-la no meu dia a dia como mãe, esposa, irmã, filha, amiga e professora. Sempre comento sobre a minha fé e sobre o poder que acredito, tem a oração, possibilitando uma vida mais alegre e mais plena.
Adoro ouvir de Pe. Pedro, comentários isentos de preconceitos, acatando todo tipo de fiel, pois assim me incluo como um dos tantos tipos que existem.
Como socióloga de formação, não permiti que o conhecimento sobre a história da humanidade e suas múltiplas formas de “decifrar” o ser humano me afastasse da fé em Deus.Como antropóloga, reconheço a diversidade e as múltiplas maneiras de se relacionar com o “sagrado”. Percebo a religião como elemento da cultura, bem como enquanto prática pessoal, subjetiva, mesmo que sua prática seja coletiva. Émile Durkheim dizia ser a religião a primeira forma de experiência coletiva, portanto social.
Na minha experiência íntima percebo que ela não me retira nada, muito pelo contrário – não podendo, portanto, ser vista como alienante, ou como disse K. Marx, como “ópio”.
A religião e a fé, embora distintas, se complementam e transcendem à espiritualidade, deixando marcas nas relações entre as pessoas. E é neste sentido que consigo ser uma pessoa leve, apesar dos pesares que, reconheço, a vida nos apresenta, fazendo com que esta leveza envolva meu dia a dia e reflita na minha relação com a vida e com as pessoas.
Agradeço a vocês a oportunidade que estou tendo de reciclar a minha fé e de reafirmá-la a cada dia.
Lembro que no dia da minha aula da saudade, quando concluí o curso de ciências sociais na UFPB, em 1994, um colega me perguntou se eu ainda acreditava em Deus. Mesmo percebendo o tom de brincadeira, respondi seriamente que sim, “tanto quanto” antes, mas não “como” antes. Percebe-se aí, uma mudança qualitativa na minha prática de mulher de fé e esta mudança continua em processo, tendo no programa de vocês, um motivo a mais para seguir EM PRENTE.
Muito obrigada.

15/09/2009

Sobre a partida do último Felinto da irmandade

Convivi pouco com tio João. Sei muito mais dele pelas falas dos meus irmãos mais velhos do que de uma convivência mais aproximada. Isto não o fez menos tio meu que qualquer outro, justamente por saber dele a partir das conversas cotidianas domésticas. Sem contar que lembro muito bem das visitas dominicais no Landau azul (lindo!), bem como do orgulho que sempre senti por ter um tio ex combatente ( não é pra todo mundo não). Eita! É mesmo que estar vendo papai falando sobre a odisséia que foi a viagem dele a Itália, sobre o seu terno que ele, (papai) sempre expunha ao sol, para no caso de “o mano” dele (era assim que eles se chamavam um ao outro, todos eles) chegar a qualquer momento ter o que vestir.
Senti muito a sua ida deste mundo, a perda do último tio por parte de papai, além de sentir mais ainda pelos filhos dele e por tia Dôra, que estão sentindo tudo aquilo que sentimos quando papai partiu e que não é nada fácil.
Na missa de sétimo dia fui surpreendida com a crônica que um dos seus netos escreveu em sua homenagem. Não apenas pela beleza das palavras bem escritas, mas, sobretudo pelo teor das mesmas, que me revelou a imensa semelhança que tio João tinha com papai, numa demonstração de que “quem sai aos seus, não degenera”.
Dos chocolates “escondidos”, ao exalar do cheiro do banho tomado, passando pelos chinelos bem dispostos oferecidos, tudo me dava a impressão, e não só a mim, mas a todos que leram, de estar frente à frente com discrições de Zé Felinto. O cuidar dos netos e filhos, os mimos, o contar histórias, e principalmente a história de vida, tudo me faz crer que a herança maior foi deixada pelos nossos avós, (bisavós).
E cada vez mais, ratifico a importância da família num jeito de ser, nas peculiaridades que fazem de nós, seres diversos e semelhantes ao mesmo tempo, através de uma marca registrada que nos concede ser percebido como um Felinto de longe.
Viva pai Tonho! Viva mãe Nana! Estes avós que não conheci vivos, mas de quem sei muito, também pelos relatos que sempre estiveram presentes na cotidianidade da família. Eles que souberam imprimir em nós todos, um jeito de ser e um trato com as pessoas que vão existir sempre, enquanto o sobrenome Felinto existir na face da terra. Protejamos então essa marca, ela faz toda a diferença, no melhor sentido que isto possa ter.
Lola, em 15 de dezembro de 2008.

15/08/2009

Vivendo e aprendendo

O medo da morte é uma coisa incrível
Ao contrário do medo da vida,nos faz correr atrás

De viver, já que a morte é certa
De acertar, pois que errar é de morte

Erros e acertos são bem relativos
Ponderar é saber conviver

Com diferentes formas de ser
É matar preconceitos latentes

Transbordar o que consiliar

Abrandar sentimentos e atos
Deixar a suavidade vencer

Sou mais eu quando calo, não grito
Sou mais eu quando vejo e acredito

Que há motivos e não polemizo
Quando faço morrer o que é mau

Permitindo o bem renascer
Sou mais eu, pois me sinto crescer

(22/02/09)

O grande retorno

Irmão dos primeiros anos
De vida

Alegria nas vistas
De férias

Prontidão à qualquer hora

Suas vindas são poucas
Escassas

Não matam a saudade
E a esperança é o alimento

De um dia voltar a tê-lo
Mais perto

Resurge agora
Das cinzas

Tal qual fênix volta a alçar vôos
Mais altos

E a auto estima nos trará
De volta o primogênito

(05/03/09)

Solidão

Pra tudo há espaço
Há um canto
Um recanto

Só eu fico de lado
Não me acho
Em teu abraço

Que faço
Deixo de lado
E assim parto pra outras plagas

Busco outros braços
Me refaço do meu pranto

Ou persisto
Insisto
Persevero

Falo sério quando reclamo solidão

(09/05/09)

06/08/2009

FATI ( Acróstico)

F iz de ti porto seguro
A njo de amor e bondade
T anto pedi e dei pouco
I nda te devo um bocado


28/07/08

01/08/2009

Das coisas da vida

Penso da vida

Que deveria ser simples como a luz do sol
Que aparece quase sempre
E que é tão necessária

Penso da vida

Que deveria ter a alegria dos dias festivos
Em que celebramos
O que há de bom

Penso da vida, a doçura de um bombom

Cujo recheio completa, mas não é tudo
Penso que um dia duro
também ensina a viver

Penso da vida
Que é perecível
E se não cuidarmos ela se finda

Apodrecida, sem amadurecer

Penso da vida
Que é prazer
Que é bonita

Se a enfeitarmos, mesmo que de chita

Que se enfeia
Se não a respeitarmos
Se fizermos dela apenas um enfado

Penso da vida
Que é entreposto
E que com alegria e algum esforço

É possível viver tudo de novo

26/07/09

Cotidiano

Acordo

Desembaço a vista
A vida me chama a viver

Atendo meio sem coragem
Logo me envolvo em trabalho

E trato de resolver
Problemas e coisa e coisa à toa

Coisa boa também há
E lá, num canto do meu dia

Penso em coisas e pessoas
Lembrança só tenho da boa

Agora vou descançar
Pensar no dia que foi

Pra o que vier depois
Ser ainda bem melhor

Agora sim, vou sonhar
A vida é mesmo assim

Não acho nada ruim
Não tenho o que reclamar

12 e 12/10/08

30/07/2009

Sensibilidade

Ando sensível demais
Tudo me dói e eu sinto muito

Porque me sinto assim?

O passado, o presente
Até o futuro me fazem verter lágrimas

A crise avança, me domina
Eu não sei reagir

Faço coisas, faço planos
Faço o que acho que devo fazer

Outras coisas nem sei fazer

Também nem sei o que
Sei que me dói

A alma
E a palavra

Essa sinto querer vir à tona

Antes que eu desmorone
Ela não me deixa calar

2009

Para Boba, pelos seus 80 anos

Só aos nove anos de idade eu fui batizada. Isso me deu uma oportunidade que poucas pessoas tem: poder escolher os meus padrinhos. Não foi à toa que escolhi tia Céu e Boba para ocupar esse posto, haja vista o contato constante que tinha com eles, pelo fato de que todos os sábados e domingos, logo cedo da manhã, Boba chegava lá em casa para me buscar para passar o dia com Socorrinho.
Quanto tempo isso faz? Não quero nem lembrar. Mas não quero esquecer que, entre as coisas boas da minha infância consta uma relação bem estreita com aqueles que escolhi para me apadrinhar.
Hoje, alguns anos passados da minha infância, volto a me sentir privilegiada por estar comemorando os 80 anos de Boba , junto às principais pessoas que compõem a sua vida.
Peço, portanto, a Deus, neste momento tão importante, que o cubra de bênçãos e continue permitindo que ele seja essa pessoa de bem com a vida que tem sido ao longo destes anos.
Diferente de mim, minhas filhas praticamente nem um contato tiveram com Boba, vindo conhecê-lo pessoalmente depois de bem crescidas. Isto, porém, não as tornou indiferentes a ele e quando aconteceu a aproximação houve uma empatia interessante, justamente pelo que elas ouviam falar a respeito dele, constatando no momento da apresentação, a pessoa alegre e legal que ele é. No dizer delas, “uma figura”.
É assim que estamos encarando este momento singular, onde alguém de alma tão jovial, comemora oito décadas de existência neste mundo. Refletimos então, o quanto a vida é efêmera e como ela tem de ser aproveitada sempre da melhor maneira possível. Vendo na “figura” de Boba, um bom motivo para nos alegrarmos e celebramos esta que é a maior dádiva que Deus nos deu: A VIDA.
PARABÉNS, BOBA! E MUITOS ANOS DE VIDA E ALEGRIA.

Lola, em 22/07/09

09/05/2009

Sobre eu ser quem sou


É engraçado como muitas vezes deixamos marcas sem perceber.Engraçado também, é como pensamos que certas coisas que dizemos,estão sendo bem recebidas pelas pessoas, e muitas vez nem estão...
Quero falar da minha escolha de fazer vestibular para Ciências Sociais. Lembro que pedi orientação a Zé, um dos tantos irmãos que tenho, e ele sem muita dificuldade, me falou do peso que é o curso; do quanto se precisa estudar para se tornar um cientista social.
Eu sabia que não era estudiosa, sempre fui dispersa nas aulas que não eram muito do meu interesse. Fiquei então, pensando sobre as afirmações do meu irmão, que me orientou para prestar vestibular para pedagogia.
O que ele não imaginava era que, além de ter sido aluna de Fábio Freitas e ter me envolvido com uma maneira que ele trata a história, de um modo que desconhecia até então, que me empolgava cada vez mais com a possibilidade de fazer algum curso relacionado, tinha tido, bem antes, a oportunidade de vivenciar meus até então 18 anos de idade, compartilhando com ele (Zé) a cotidianidade, naquela casa tão cheia de pessoas e tão envolvida em discussões, debates e conversas de alto nível intelectual.
Sou a décima primeira filha, de uma turma de treze, e fui agraciada com irmãos mais velhos que muito me ensinaram até mesmo sem se darem conta disso.
Das brincadeiras de casinha, passando pelos jogos de pedrinha e até as festinhas de São João, com as quadrilhas no jardim, em tudo eles se envolviam e de todos os momentos tirei proveito.
Ter irmãs bem mais velhas é meio como ter mais de uma mãe. E dependendo da hora, do momento ou do acontecimento, elas se revezavam nesse papel.
Eu costumava ir ao quarto onde dormiam Graça, Leta e Mª Eunice e me enfronhava entre os seus lençóis, ora de uma ora de outra, o certo é que eu buscava naqueles momentos, o aconchego que só se sente quando se ama e se sabe amado.
Buscava também, não posso negar, o calor de uma cama sequinha, em que ninguém tinha feito xixi, como era o caso da minha. E era lá, no quarto das minhas irmãs mais velhas, que eu encontrava tudo isso.
O tempo ia passando e eu ia crescendo. Até chegar à universidade, já casada e com duas filhas. Fiz o vestibular aos 21 anos e iniciei o curso apenas dois anos depois, prestes a completar vinte e quatro.
Quanto mais estudava mais me apaixonava pelas ciências sociais e principalmente pela antropologia. A cada semestre me sentia mais identificada com todos aqueles conteúdos e ratificava certa facilidade de interpretação que tinha, e um jeito de escrever, (lembro-me que uma professora de antropologia comentava sobre um tino antropológico que percebia em mim) se justificavam pela minha história de vida; pelos bons colégios que freqüentei e pelos irmãos que, desde o primeiro momento do meu processo de socialização, me influenciaram.
Chegou um momento em que passei a andar com as minhas próprias pernas e a me sobrepor a todos eles em algumas questões relacionadas ao âmbito da minha área de estudo. Não era pra menos, me tornei mestre em sociologia e passei a lecionar em faculdades.
Percebo que às vezes sou incompreendida no que falo, mas percebo também certo respeito que conquistei de todos eles.
Hoje sou mais eu em muitos aspectos, e é bom que seja assim. Mas jamais deixarei de enaltecer a minha família, primeira instância social, no dizer da sociologia, como sendo a égide de tudo o que sou.
Se sou muito ou pouco, não me importa. O que me importa mesmo é esta certeza de que a minha família eu não troco, não vendo, mas posso até emprestar a quem desejar, se for o caso, para que outras pessoas experimentem um pouco do que recebi de bandeja de Deus, nosso Senhor: pai, mãe e irmãos e irmãs, que muito contribuíram para eu ser quem sou.

Sobre a luminosidade ( Pelo nascimento de Paulo Fernando)

Como a luz que entra pela fresta
E logo ocupa o espaço que quiser

A criança nasce, despretensiosa e bela
E toma conta da vida da mulher

Que de mulher passa a ser mãe também
E como mãe, faz tudo o que puder

E o que não for de sua alçada entrega
A Deus, para que Ele tome providências

Não meça esforços em prol do seu bebê
Pra que a luz, que já nasce com a criança

Se perenize e transcenda o berço
O acompanhe e o faça crescer

Crescer tal qual a luz que por uma fresta
Toma espaços, invade e prolifera

Sem perceber nada que a ela impeça
De ser a luz que ela bem sabe ser

E assim nascer, viver e só crescer

07/05/09

06/05/2009

Manhã







“Manhã, tão bonita manhã
De um dia feliz que chegou”


E com ela os convidados
Entre eles festejavas


Mais uma neta que casa
Dia de visita pra ti


Para mim a esperança
De te ver em cada canto


Na euforia da noivinha
Nas lágrimas de emoção


De quem como tu, é doce
E desposa tua querida


Enchendo-te de orgulho
E te deixando tão contente

“Canta o meu coração
Alegria voltou novamente”

Lola em 04/05/09

10/03/2009

Porque somos irmãs

Porque somos irmãs dividimos

Amor

Carinho

Atenção

Aparência


Porque somos irmãs somamos

Valores

Sentimentos

Percepções

Confidências


Porque somos irmãs subtraímos

Da vida as decepções


Multiplicamos sonhos e esperança

Porque somos irmãs


E é tão bom

02/03/2009

Sobre a estrela do Xerife

E a musa do Xerife entristeceu-se
Mas não baixou a crista e se ergueu
Com forças que nem Sansão com seus cabelos
Com tranças que nem ele teve iguais

Agora jaz uma saudade imensa
E ela haverá de saber suportar
Até porque só sente dessas coisas
Quem verdadeiramente sabe amar

E quem amou, e foi, e é ainda
Porque amor que é de verdade não se acaba
Sofre a saudade a mulher amada
Mas sofre mais quem nunca teve amor

E de tudo que se foi restou lembranças
Muito além do que sempre se esperou
Amealhadas por toda uma existência
Vivendo ainda, além da eternidade
Porque a estrela do Xerife não apagou.

Sebá

Recebi do amigo Sebá, uma fotografia dos tempos de faculdade. Mais que alegria, a foto me despertou para algumas coisas que nem sempre se pensa, principalmente em tempos que não nos dão o tempo suficiente para reflexões mais profundas. Naquele que a foto revela, “éramos alegres e jovens”, no dizer de Caetano.
Voltei à UFPB, ao tempo da graduação, que segundo o próprio Sebá, nos fazia a todos “marxistas”.
Aquele, certamente era um dia festivo, já que alguns estão com copos nas mãos. Passei então a ouvir o som que vagava pelo C.A de Ciências Sociais, os burburinhos, as misturas de vozes...a alegria que geralmente permeava o ambiente. Vi João perguntando por Dulce, Charlinho fazendo poemas, Ballo com seus shorts muito curtos, Francimar e Henrique naquele namoro velado... E claro, eu e Mara inseparáveis. Ah, Sebá sempre por perto, conversando sobre tudo, de marxismo a machismo... E como sempre foi feminina a sua alma... E como sempre foi benquista a sua presença...
Sebá é uma daquelas unanimidades que nada tem de “burra”. Querer-lhe bem é quase uma imposição que ele nos faz, devido ao seu trato fino, delicado, alegre e cheio de sabedoria. Disse sabedoria; o que o diferencia e muito de alguns intelectuais que, apesar de terem muito preparo sobre alguns assuntos, lhes falta a sabedoria para a vida.
Sentimentos não me faltam a respeito deste meu amigo, mas confesso que me tenham faltado as palavras certas para concluir esse breve depoimento. Busquei então trechos de um lindo poema que seu irmão escreveu pra ele e que me arrepia a alma a cada vez que o leio:

“[...] Porque a vida pra funcionar
Conta, sim, com um pouco de tristeza,
Mas pra azeitar seu funcionamento
Há de haver um Sebá em cada mesa.

Sebá é o fermento, é o sal
Da comida nascida desde a terra.
Hoje o mundo tem guerra e carnaval.
Sem Sebá ele só teria guerra.”

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