"Ando devagar porque já tive pressa..."

"Ando devagar porque já tive pressa..."
"Ando devagar porque já tive pressa..."

16/01/2016

Crônica do reencontro

Em 1978, surgiu no cenário educacional de Campina Grande o Colégio Pré Universitário Campinense – CPUC. É interessante perceber que, mesmo com aspectos de vanguarda, ele já nasceu com predisposição a se tornar um clássico, e se igualou em qualidade aos tradicionais, Damas, Lourdinas, CAD, Pio XI...Talvez disto tenha surgido a “rixa” entre Damas e CPUC, cuja dimensão só quem frequentou os Jogos Estudantis ou Olimpíadas do Exercito no Clube do Trabalhador, na AABB, e no Cezar Ribeiro consegue alcançar.
E por falar em Cesar Ribeiro, o ginásio do Campinense Clube, foram lá nossos primeiros treinos de vôlei com Renato, e de outras modalidades com os professores da área da educação física, visto que a quadra ainda não tinha sido construída.
Relembrar disto nos remete a detalhes como as vindas do ginásio, a pé... Uma turma de meninos e meninas descia a “ladeira do Campinense”, envolvida em conversas e brincadeiras que promoviam ainda mais sua união e propiciavam a todos um conhecimento maior de si mesmos, dos colegas e da cidade...
Ah, a cidade... Alguns lugares marcaram sobremaneira nossa “linda juventude”, termo eternizado pelo Clube da Esquina e geralmente usado por Valdé em nossos encontros. E se a Boate Esquina, como o “Clube da Esquina”, citado por Tavito, nos deixou saudades por embalar nossos primeiros passos na noite campinense, o muro do CPUC, tal qual o do Sacré- Coeur, foi arrimo de momentos inesquecíveis, quando, “de uniforme e olhar de rapina” esperávamos a sirene (sim, sirene) tocar, para entrarmos e assistirmos as aulas, cujas salas também foram locus privilegiado de acontecimentos marcantes, como a experiência do convívio com professores maravilhosos, que marcaram nossas vidas, a exemplo de Fábio Freitas que a mim marcou de forma especial.
O muro do colégio nos acolhia também nos encontros quase festivos a cada despedida diária, quando alguns esperavam os pais buscarem, ou “faziam uma horinha” para aproveitar ainda mais a companhia dos amigos.
Éramos “alegres e jovens”, no dizer de Caetano. Mais que isto, nós que compomos as turmas pioneiras da 6ª série - lembra, Raimundinho, Iran, Soraia, Mildred? Éramos crianças, acalentadas pela leveza e suavidade que aquela fase da vida nos concedia.
“Sorrisos lindos” não nos faltavam, muito menos imaginação fértil. Um tempo em que Fubica já era unanimidade - e nada “burra”.
Tem música que parece nos adivinhar o pensamento, o sentimento, o desejo de dizer algo. Desde que fui incumbida por Ronaldinho de escrever esta crônica - na verdade, antes mesmo disto, já que cheguei a pensar em fazê-lo espontaneamente - me veio à mente a música Rua Ramalhete, que fez sucesso no início dos anos 80, na voz do já citado Tavito e marcou sobremaneira as reminiscências estudantis de tanta gente.
No nosso grupo do whatsapp, temos postais sonoros dos bons. Vira e mexe alguém posta uma música e dedica a algum componente do grupo ou ao grupo de forma geral, muitas vezes para ilustrar o papo do momento. Um dia desses, rolou Rua Ramalhete, o que me fez ratificar a quase necessidade de trazê-la como plano de fundo deste texto.
Além dela, acho bastante significativa a Se Enamora, gravada mais recentemente por Tiê e
lá em meados dos anos 80, pelo grupo infantil O Balão Mágico.
Mágico mesmo é o que nos acontece quando uma música nos trás de volta momentos prazerosos, porquanto singelos, de nossas vidas, e estas duas canções caem como luvas para quem se enamorou,, para quem se apaixonou... E quem nunca?
Sou meio suspeita pra falar sobre o assunto, já que tive dois namorados “cepuquianos”. Com o segundo estou desde os meus dezessete anos, e lá se vão trinta e quatro...Lembrando sempre que parece que foi ontem...Além de, claro, ter tido paixonites agudas, como toda e qualquer adolescente.
O CPUC foi palco de muitas histórias, algumas das quais estamos revivendo a partir do nosso reencontro como grupo no Facebook e, principalmente, no Whatsapp, o que devemos a Anita, que buscou e encontrou cada um dos presentes neste evento, além de alguns mais que não estão aqui. Meu desejo é que todos se sintam citados nesta crônica, dada a impossibilidade disto ser feito de fato. A ela seremos eternos devedores, pois não há doce de jaca suficiente para recompensá-la. Obrigada, amiga!
Quantos primeiros amores, quantos primeiros beijos na boca, quantas primeiras experiências vivenciamos lá... Inclusive algumas negativas, como o primeiro fim de namoro, as paixões não correspondidas e aquelas que se tornaram platônicas e que, justamente por isto, povoam nossas brincadeiras de hoje.
Se é impossível mensurá-las em termos de quantidade, nem se cogita no sentido de qualidade, posto que as emoções transcendem a qualquer tentativa de enquadramento.
Como explicar que um Paulo com a pecha de “galinha” me tenha conquistado a simpatia depois de mais de 30 anos? E Márcio que nem sequer trocávamos poucas palavras, hoje me surge como um grande amigo?
Outras relações parecem que não sentiram o tempo passar. Assim, Anita continua me desafiando com seu ciúme o tempo todo, e brincamos da mesmíssima forma que o fazíamos vestidas de marrom e bege. Bem como Selma continua sendo minha comadre em dose tripla...Isso eu deixo pra ela explicar melhor. Ah, não posso esquecer de citar Libania, Tela e Edlene, com quem compartilho o, como o diz Rostand Lucenad, chá da terceira idade, se referindo a encontros que, vez por outra, nos permitimos para celebrar nossa amizade
Coisas de fazer “tremer dentro do vestido” foram ditas e ouvidas naquele tempo e espaço que, diria minha xará, “era só alegria”. Mas hoje, considerando a nossa propensão ao vir a ser, ao eterno devir, podemos sim, reafirmar nossa alegria. Hoje não vamos por o disco na vitrola para ouvir os Beatles, mas certas canções cabem dentro de nós, e nos fazem a cada audição, ratificar nossos anos dourados, atiçar nossa sensibilidade, e afagar nossa alma...Tudo de forma coletiva, pois é no nosso imaginário de ex aluno CPUC, que permeiam todos os ingredientes que nos compõem e nos fazem ser assim como somos: Gratos a Deus e à vida, por tudo de bom que vivemos e por esse reencontro que nos revigora.
Não, eles não virão algum dia aqui, “cantar as canções que a gente quer ouvir”, disso cuidamos nós mesmos. Esta é a importância do PS (Postal Sonoro), não é pessoal? E, a despeito das brincadeiras que, vez por outra, nos “empurram um besteirol”, a turma tem demostrado gosto apurado e sensibilidade para as artes de forma geral e pela música em particular.
Então, aproveitemos este dia de festa e ouçamos todas as músicas que desejarmos, cantemos, dancemos, pois foi pra isso também que nos reunimos, enlevados pelo sentimento de pertença à “família CPUC”, termo que alguns ressaltam diariamente.
VIVA A VIDA! VIVA A POSSIBILIDADE DO REENCONTRO! E CONTINUEMOS A FAZÊ-LO ACONTECER COM A NOSSA MARCA - ELA É ÚNICA.
Maria do Rosário Nascimento Araujo (Lola)

Nenhum comentário:

Arquivo do blog