"Ando devagar porque já tive pressa..."

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29/01/2013

"Um bom samba é uma forma de oração"


Dizem que “um bom samba é uma forma de oração” e eu, que não sou boba nem nada, reitero a afirmação. Sempre gostei de música e de sua variação. Se olho pra trás, vejo, lá na minha infância, como foi se desenhando o panorama musical em minha vida. Beatles, MPB, forró “pé de serra”, e claro, bons sambas, desfilaram no “asfalto da ilusão” da minha infância, adolescência, mocidade e vem me acompanhando nestes quarenta e oito anos de vida. Aqui em casa o que não falta é boa música. Sabendo, claro, que o conceito de bom é relativo.
Pois bem, no tocante ao samba, que é o objeto desta crônica, eu poderia até afirmar que temos aqui, as tradicionais domingueiras (risos). Rio porque é assim que chamo a maneira como geralmente acordamos e prosseguimos até a hora do almoço. É que Rostand ao acordar inicia os trabalhos (me refiro a trabalho literalmente – que vai de rasgar a papelada desnecessária a organização de suas roupas), e isto ele faz tendo uma trilha sonora como plano de fundo.
A despeito da Bossa Nova, de Frank Sinatra e de Cauby Peixoto, e outras figurinhas da MPB, fáceis nos nossos momentos musicais, o que predomina nas domingueiras é o velho e bom samba. Então disputam o nosso palco: Martinho da Vila, Alcione, Casuarina, Dona Ivone Lara, Arlindo Cruz, Lecy Nrandão, Jorge Aragão, Diogo Nogueira, e tantos outros nomes de peso da nossa música.
O que sei é que tudo isso deixa marcas e nos shows que tivemos a oportunidade de assistir neste verão, patrocinado pela prefeitura de João Pessoa, a cada música que tocava e lembrava os momentos prazerosos que temos em casa, todos nós cruzávamos os olhares e cantávamos com mais entusiasmo. Isso é tão bom! Dá tanto prazer! Nos torna tão mais íntimos! Que não tenho outra opção, senão escrever para eternizar a sensação dos momentos. Este foi o motivo desta crônica existir. E é a partir dela que eu reafirmo que “um bom samba é forma de oração”. E nestes dias de verão, muito mais calorosos foram os momentos em que juntos assistimos aos shows de Martinho da Vila, Diogo Nogueira e Alcione (apesar deste último não ter tido a empolgação que esperávamos).
Constato, pois, o quanto somos um país musical, rico em estilos, quantidade, mas principalmente em qualidade de música e que, entre os tantos tipos, o samba que é tão nosso, faz mesmo as honras da casa, de maneira que a máxima: “quem não gosta de samba, bom sujeito não é”, apesar de taxativa é verdadeira e dou fé. E mesmo que muitas vezes apenas o “samba do crioulo doido” seja a música que dançamos, o importante é preservar dentro de cada um o reconhecimento de nossa riqueza musical e a percepção de que ela, como construção cultural genuinamente brasileira, nos faz ser quem somos – um povo alegre apesar de...E me vem à mente a música de João Nogueira, lindamente interpretada pelo seu filho Diogo, que fez sacudir, pondo pra sambar todo o Ponto de Cem Réis em João Pessoa.
Lola (29/01/13)

Poder da Criação (João Nogueira)
Não, ninguém faz samba só porque prefere
Força nenhuma no mundo interfere
Sobre o poder da criação
Não, não precisa se estar nem feliz nem aflito
Nem se refugiar em lugar mais bonito
Em busca da inspiração
Não, ela é uma luz que chega de repente
Com a rapidez de uma estrela cadente
Que acende a mente e o coração
É faz pensar que existe uma força maior que nos guia
Que está no ar
Bem no meio da noite ou no claro do dia
Chega a nos angustiar
E o poeta se deixa levar por essa magia
E o verso vem vindo e vem vindo uma melodia
E o povo começa a cantar, lá laia laiá
Lá lá laía laiá

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