"Ando devagar porque já tive pressa..."

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21/07/2008

TIRINHAS DE PAPEL




Acabam de pousar em minha mente, as tirinhas de papel que papai fazia para medir os nossos pés quando ia comprar sapatos para nós.Quem não lembra quão satisfeitos ficávamos quando ele pegava papel e tesoura e começava a fazer os moldes, um a um.Nossa alegria seguia contagiante até que ele chegava com os sapatos novos que escolhia – todos branquinhos e de verniz – os melhores!Não tinha erro, ficavam ótimos!Pra completar a nossa alegria, chegava muitas vezes com tecidos para mamãe costurar nossas roupas.
Fecho os olhos e sinto o cheiro das “fazendas” que se transformavam, no dizer de hoje, em modelitos, não menos lindos que suas estampas.Os acabamentos se davam com os laços de fita que enfeitavam nossas cabeças, penteadas pelas irmãs mais velhas, lá no terracinho, que ainda não era “da vovó”. Tranças, cocós, metades soltas, Maria Chiquinhas... Tinha penteados para todos os gostos e tipos de cabelos e geralmente saíamos do murinho do terraço com os olhos puxadinhos. Ai, ai...Antes dos penteados e de vestirmos as roupas, ainda havia os banhos, geralmente coletivos, no quintal – eram bons demais! - a despeito das unhas de graça nas orelhas e da espuma de sabonete em outros lugares – como ardia!
Orelhas limpas, nariz limpos, unhas limpas; tudo limpinho... Limpeza total! Porém, pureza mesmo, se encontrava naquele nosso singelo cotidiano que deixou tantas reminiscências; sabonete alma de flores, colônia matinal, e outras “cositas” mais, que nos lembram que a vida tem que continuar dentro da sua lógica de pureza, de leveza, e suavidade, que geralmente só se encontram na poesia.Poesia em que se transformam as lembranças de uma vida bem vivida.

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